A ociosidade dos fatores de produção da economia e o comportamento das expectativas de inflação mantiveram favoráveis “as perspectivas de concretização de um cenário inflacionário benigno, no qual o IPCA voltaria a evoluir de forma consistente com a trajetória das metas”. A avaliação consta da ata da reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje.

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Os diretores do BC citam como exemplo desses fatores que apontam para o comportamento positivo o uso da capacidade de produção da indústria e indicadores do mercado de trabalho. No mesmo trecho, os diretores do BC citam que o cenário macroeconômico “contém incertezas importantes” e que, por isso, o Comitê “deve manter postura cautelosa, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas”.

Os riscos para a inflação no curto prazo estão concentrados nos contratos indexados e em uma eventual alta do preço das matérias-primas (commodities) internacionais. Para o médio prazo, o principal risco está na relação entre a demanda e o investimento. No documento, os diretores do BC chamam a atenção para o risco à inflação dos “mecanismos de reajuste que contribuem para prolongar no tempo pressões inflacionárias observadas no passado”. Esse mecanismo, a chamada indexação, é, segundo o Copom, evidenciada no comportamento de preços dos serviços e de itens monitorados desde o início do ano. Outro fator destacado é uma “eventual elevação dos preços de commodities”.

No médio prazo, “o risco advém dos efeitos, cumulativos e defasados, da distensão das condições financeiras sobre a evolução da demanda doméstica”. Essa possibilidade seria gerada pela “dinâmica do consumo e do investimento, em contexto de retomada da utilização dos fatores de produção”. Segundo o BC, o balanço dessas influências sobre a trajetória da inflação “será fundamental na avaliação das diferentes possibilidades que se apresentam para a política monetária”.

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Produção

O Copom manteve a avaliação de que a ociosidade da capacidade de produção não deve ser eliminada rapidamente. Na ata, os diretores do Banco Central mantiveram a avaliação feita em junho de que há uma “importante margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente”. Essa afirmação é feita no texto e é baseada em um “cenário básico de recuperação gradual da atividade econômica”.

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Tal ociosidade da capacidade de produção foi gerada, na avaliação do Copom, pelo “aperto das condições financeiras”, “deterioração da confiança dos agentes” e “contração da economia global”. Os diretores do BC observam, porém, que há melhora no quadro financeiro e confiança e que a contração da atividade internacional dá sinais de arrefecimento.

Os diretores do BC também citam que há incertezas no cenário básico de recuperação. Essas incertezas, diz o texto, têm “viés tanto positivo quanto negativo”. “De qualquer forma, esse desenvolvimento, contemplado no cenário básico, deve contribuir para conter as pressões inflacionárias”, avaliam os diretores do BC. Nesse trecho, o texto repete a lembrança de que a “expressiva flexibilização da política monetária implementada desde janeiro terá efeitos cumulativos” que serão observados com “certa defasagem temporal”.