Copom mantém juro em 26,5% com viés de alta

O Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) decidiu ontem, por unanimidade, manter a taxa básica dos juros brasileiros em 26,5% ao ano. No entanto, o comitê também decidiu fixar o viés (tendência) de alta para os juros. Isso significa que a taxa poderá ser elevada antes da próxima reunião do Copom, em 23 de abril.

A medida é preventiva: os diretores do BC preferem ter um instrumento nas mãos para utilizar em caso de uma guerra prolongada contra o Iraque, o que poderia levar a novas pressões sobre o dólar e a inflação.

“A inflação mostra sinais de queda. O Copom entende ser necessário aguardar os efeitos dos recentes movimentos de política monetária para avaliar melhor os seus impactos. Diante disso, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 26,5% ao ano. Incertezas quanto à velocidade da queda da inflação e ao cenário externo recomendam a adoção do viés de alta”, diz o comunicado divulgado após a reunião.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, já tinha sinalizado com a manutenção dos juros, durante café da manhã, ontem, com líderes do Senado. Segundo relato do líder do PSB no Senado, Antônio Carlos Valadares (SE), Meirelles teria dito estar otimista com a queda recente de alguns índices de inflação e que isso seria um sinal de que a alta dos juros estaria surtindo efeito.

O recuo da inflação no início de março foi verificado pelos principais institutos de pesquisa do país, como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e a FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O Copom já havia elevado os juros neste ano por duas vezes consecutivas: em janeiro, em 0,5 ponto percentual, e, em fevereiro, em 1 ponto percentual.

Apesar da interrupção da trajetória de alta, o estabelecimento do viés mostra que o governo continua preocupado com os possíveis desdobramentos da guerra contra o Iraque.

Na segunda-feira, o governo já havia decidido sacar uma nova parcela de US$ 4,1 bilhões do empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional) acertado em agosto do ano passado – que soma US$ 30 bilhões – para reforçar as reservas internacionais e aumentar a munição para defender a cotação do dólar.

A ata da reunião do Copom, com as todas razões que levaram o BC a manter a taxa de juros, será divulgada somente na próxima quarta-feira, às 13h30.

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