Ainda não foi desta vez que os juros caíram. O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu ontem manter, pela terceira vez consecutiva, a taxa de juros básica da economia em 18,5% ao ano. Mas adotou viés de baixa. A decisão foi unânime e não surpreendeu o mercado, que já apostava na manutenção da taxa em razão dos eventos recentes que abalaram a tranqüilidade do mercado financeiro, elevaram a taxa de câmbio, juros e o risco país.
Na reunião do Copom de maio, o Banco Central havia acenado com a possibilidade de retomar a trajetória de queda dos juros se a inflação confirmasse a tendência de queda.
Apesar de o presidente do BC, Armínio Fraga, ter afirmado nesta semana que a tendência de queda da inflação era real, o cenário turbulento do mercado e a alta do dólar devem ter forçado o Copom a adiar mais uma vez o corte da taxa de juros Selic.
Na próxima quarta-feira (26), o BC divulgará a ata da reunião do Copom, às 13h30, quando será possível conhecer as razões pelas quais o BC manteve a taxa em 18,5% ao ano. O Copom voltará a se reunir nos dias 16 e 17 de julho.
Inflação em queda
O Copom avaliou, em sua reunião de ontem, que a tendência da inflação é de queda, mas que o cenário atual da economia ainda não permite o corte na taxa de juros Selic.
??Os dados recentes da inflação e as perspectivas para 2003 são favoráveis, mas, diante do quadro conjuntural ainda adverso, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 18,5% ao ano, introduzindo um viés de baixa??, diz o comunicado do BC.
O instrumento de viés de baixa não era utilizado pelo Copom desde junho de 2001. Na época o BC elevou os juros de 16,75% ao ano para 18,25% ao ano, mas colocou viés de baixa, acenando com a possibilidade de queda antes mesmo da reunião seguinte que seria realizada em 19 de julho. No entanto, naquela época, não houve melhoras no cenário, e em julho o BC acabou por elevar ainda mais a taxa de juros para 19% ao ano.
Ao fazer uso do instrumento do viés de baixa, o Copom quer deixar claro a sua intensão em retomar a trajetória de queda dos juros assim que o cenário permitir.
Com isso, o presidente do BC, Armínio Fraga, não precisa esperar a reunião de 17 de julho para reduzir a taxa se a situação da economia permitir.
