Analistas de mercado acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manterá os juros básicos em 26,5% ao ano. Mas deve retirar o viés (tendência) de alta que permite o aumento da taxa entre as reuniões mensais do comitê. Segundo o economista do ABN Amro Asset Management, Aquiles Mosca, o ponto positivo para os juros é que a guerra contra o Iraque pouco pressionou o câmbio e a cotação do dólar caiu de R$ 3,40 para R$ 3,03 desde a reuniâo do Copom em março.
Brasília (AG) – Também houve um recuo no preço internacional do petróleo, que era uma das preocupações do BC em decidir pelo viés no mês passado. O que ainda exige uma cautela do Banco Central é a resistência da inflação em cair mais fortemente.
– A inflação caiu em relação ao final do ano passado, mas está aquém do que se projetava – disse Aquiles Mosca, que espera uma redução dos juros somente a partir de junho.
O IPCA, que orienta as metas de inflação do governo, superou em março as projeções de mercado, que previa um resultado de até 1%. Mas o número final foi de 1,3%. Na opinião dos analistas, o BC poderá ver a consistência da queda do risco-país e do câmbio no último mês. A redução desses itens foi forte desde a reunião do Copom em março: além do dólar ter caído R$ 0,40, a taxa de risco despencou de 1.200 para 900 pontos. Para os economistas, o câmbio tem se apreciado sobretudo com a entrada de capital de curto prazo na economia brasileira. Esses dólares aproveitam a diferença de juros nos Estados Unidos, hoje entre 1% e 4% ao ano, e no Brasil, cujas aplicações em renda fixa podem render de 26,5% a 30% ao ano. Outro sinal desse capital de curto prazo é a valorização na bolsa de valores de ações de empresas como Embratel e algumas companhias do setor elétrico.
-O dólar está na verdade caindo muito devido à entrada de capital de curto prazo. A queda rápida como ocorre agora é perigosa porque os investidores podem sair do País com a mesma velocidade com que entraram – afirmou o economista Carlos Thadeu de Freitas, professor do Ibmec- Rio e ex-diretor do Banco Central.