O Comitê de Política Monetária (Copom) decide nesta quarta-feira (16) se mantém a taxa básica de juros (Selic) no atual patamar, de 11,25% ao ano, ou se a aumenta. A terceira reunião do ano do Copom, que é realizada em duas sessões, começou ontem (15) à tarde, com exposições sobre a realidade de cada área e as tendências no Brasil e no exterior.

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Tanto o Banco Central quanto as instituições financeiras pregam a necessidade de correção da Selic, com a justificativa de que a inflação está acima do centro da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Nos últimos 12 meses (terminados em março) o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou 4,73%, e a perspectiva para este ano aponta inflação ligeiramente acima da meta, em razão de pressão provocada principalmente pelos  preços de alguns alimentos.

Essa justificativa é combatida, porém, pela classe empresarial, que defende redução da taxa de juros como forma de baratear os empréstimos bancários para investimentos no setor produtivo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, lembra que o aumento de preços dos alimentos está vinculado ao reajuste de produtos agrícolas com cotação internacional, as chamadas commodities. Portanto, segundo ele, a causa momentânea da inflação é externa, e não justifica o aperto monetário interno.

Taxa para o consumidor sobe mais que a Selic

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Agência Estado

O provável aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic hoje, para 11,5% ao ano, será um ingrediente a mais para pressionar os juros cobrados ao consumidor. Desde dezembro, com o agravamento da crise americana, as taxas dos empréstimos e financiamentos inverteram o movimento de queda e começaram a subir nos principais bancos e financeiras do País.

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No cheque especial, os juros subiram de 138,1% em dezembro para 146% ao ano, em fevereiro, segundo dados do Banco Central (BC). A alta atingiu até mesmo as taxas do financiamento de veículos, que subiram de 28,8% para 31,2% ao ano. No crédito pessoal, avançou de 45,8% para 52,6%.

O relatório do Banco Central referente ao mês de março ainda não foi divulgado, mas dados do Procon-SP e da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostram que as taxas continuaram subindo no mês passado. O movimento deverá ser intensificado pela provável alta hoje da Selic. Segundo simulações feitas pela Anefac, um aumento de 0,25 ponto porcentual teria impacto de 0,52 ponto na taxa para o consumidor. Com isso, na média, os juros anuais subiriam de 132,39% para 132,91% ao ano.