Sem obter crédito para injetar R$ 3 milhões em capital de giro, a Coperfrango, maior cooperativa avícola de São Paulo, atrasou os salários de janeiro, ainda não pagou o décimo-terceiro salário de 2008 e informou os cerca de 2 mil funcionários que sequer tem dinheiro para pagar rescisões contratuais em possíveis demissões. Na quarta-feira (11), os funcionários da cooperativa, em Descalvado (SP), paralisaram as atividades pela manhã e só voltaram ao trabalho após a promessa do presidente da Coperfrango, Carlos Garcia, que iriam receber parte dos salários.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Porto Ferreira e Região, Orlando dos Santos, disse que a situação na Coperfrango é tão crítica que a empresa pediu aos trabalhadores que quisessem ser demitidos a devolução da multa de 40% para um reembolso futuro em quatro parcelas. “Liguei no Ministério do Trabalho para saber a legalidade desse procedimento”, disse Santos. “É muito triste a situação na empresa”, completou. A Coperfrango não estaria recebendo mais insumos para a nutrição animal e teria fechado a fábrica de rações, de acordo com o sindicalista.
O presidente da Coperfrango afirmou que trabalha em outras linhas para conseguir recursos para a cooperativa, já que as ações junto à Nossa Caixa e ao Banco do Brasil não obtiveram sucesso. Sem o dinheiro para o capital de giro a Coperfrango trabalha em outras frentes: obter mais recursos dentro da linha de R$ 700 milhões, anunciada pelo governo federal às cooperativas, liberar créditos retidos de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de PIS/Cofins junto aos governos estadual e federal e ainda se desfazer de algum dos seus ativos.
No fim de janeiro, representantes da cooperativa pediram que o secretário da Agricultura, João Sampaio, intercedesse junto às instituições financeiras para a liberação da linha de capital de giro de R$ 3 milhões. “Não obtivemos os recursos, seguimos trabalhando para contornar a situação e esperamos ter uma definição em 20 ou 30 dias”, afirmou Garcia. Ele admitiu que cortes de funcionários são analisados e que o abate está até 30% abaixo das 150 mil aves processadas pela Coperfrango diariamente. “Ainda temos frango no campo e segue o abate”, concluiu Garcia.
O fechamento da Coperfrango poderia causar um colapso em Descalvado, cidade de 30 mil habitantes no interior paulista. Além dos empregos, a empresa é responsável por 35% do recolhimento do ICMS do município.