Foto: Walter Alves/O Estado |
Rubens Ghilardi, presidente da Copel: presente aos paranaenses. continua após a publicidade |
A Companhia Paranaense de Energia (Copel) encerrou o ano de 2005 com o maior lucro líquido de sua história: R$ 502,4 milhões, montante 34% maior do que o apurado no ano anterior. Foi o terceiro ano consecutivo de saldo positivo registrado pela companhia – com o acúmulo de mais de R$ 1 bilhão nesse período -, após um prejuízo de R$ 320 milhões em 2002. Os números foram apresentados ontem, durante coletiva à imprensa na sede da empresa, em Curitiba.
?Depois de passada a situação de quase falência, esse resultado é um presente para os paranaenses?, comemorou o presidente da Copel, Rubens Ghilardi. Ele lembrou que 2003 – quando o lucro líquido registrado pela estatal foi de R$ 171 milhões – foi um ano ?de sacrifício para recompor a empresa?. ?Houve contratos que deixaram a Copel numa situação complicada?, apontou. Em 2004, a situação ficou mais confortável, e o balanço fechou com saldo positivo de R$ 374 milhões. Finalmente, em 2005, as cifras atingiram R$ 502,4 milhões.
O resultado da estatal, porém, poderia ter sido bem melhor no ano passado – ?quase 50% maior que o registrado?, revelou o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Copel, Paulo Roberto Trompczynski. É que por conta da multa e o pagamento de cláusulas contratuais no caso da Usina Termelétrica de Araucária (UEG Araucária), a estatal teve de desembolsar R$ 190 milhões, além de outros R$ 145 milhões referentes ao provisionamento de gás no primeiro semestre. A partir de 2006, tais despesas não vão constar no balanço da companhia.
?Tínhamos despesa com a UEG e não tivemos receita correspondente?, afirmou Trompczynski. Pelo contrato de transação, a Copel reconheceu que possui uma dívida de R$ 150 milhões para com a Petrobras, a ser paga em 60 parcelas mensais, a partir de janeiro de 2010, com correção pela Taxa Selic. ?A Copel, quando suspendeu os pagamentos, inclusive de gás, também sensibilizou a Petrobras?, comentou.
Desde 2003, a Copel fez provisionamento para o gás da UEG Araucária, que chega a R$ 780 milhões. Esse valor poderá ser revertido para a estatal já em abril, com a homologação a ser feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Conforme o Memorando de Intenções assinado pela Copel e pela El Paso, no dia 17 de fevereiro, a estatal vai adquirir 60% do capital social da UEG por US$ 190 milhões.
?O protocolo de intenções para a compra da participação da El Paso no empreendimento e o acordo com a Petrobras, que encerra a polêmica em torno do suprimento de gás, vão gerar efeitos bastante positivos?, afirmou Ghilardi. Entre os mais importantes, o presidente citou uma significativa melhoria no risco empresarial da Copel, que vai reduzir os custos de eventuais operações futuras de captação de recursos no mercado.
Outra razão de otimismo apontada pelo presidente é o baixo endividamento da estatal, de 37,3% sobre o patrimônio líquido já considerado o balanço da Elejor, que inclui a contabilização de R$ 286,8 milhões em debêntures adquiridas pelo BNDESPar no seu passivo. ?A Copel tem boa margem de alavancagem, isto é, dispõe de grande capacidade para captação de recursos no mercado?, ponderou Ghilardi.
Crescimento
O balanço da Copel informa que a receita operacional líquida atingiu R$ 4,85 bilhões em 2005, com aumento de 23,6% em relação ao ano anterior. Essa elevação é resultado de um crescimento de 3,6% no consumo de energia associado ao repasse parcial de índices de reajuste autorizados pela Aneel e à queda nos níveis de inadimplência, que em maio de 2003 correspondia a 5,4% da receita e que estava reduzida a 1,8% em dezembro.
O Lajida da empresa (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, número bastante considerado pelo mercado) fechou em R$ 1 bilhão 149 milhões, um crescimento de 26,1% sobre o do ano anterior (R$ 910,5 milhões). A rentabilidade sobre o patrimônio líquido chegou a 10,1% ao ano.
O lucro operacional (R$ 728 milhões) foi 21,2% maior que o registrado em 2004, enquanto as despesas operacionais de R$ 4,034 bilhões cresceram 21,4%. Tal elevação reflete principalmente aumento de 49% no item ?energia comprada para revenda?, conseqüência da implantação do sistema de pool que comercializa centralizadamente, em sistema de leilão, toda eletricidade produzida no País.
Também no mercado de ações, a Copel registrou desempenho positivo. Em 2005, fechou com alta de 55% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), bem acima do Índice Bovespa (Ibovespa), que ficou em 28%. Em Nova Iorque, as ações da estatal paranaense valorizaram 68%, enquanto o índice Dow-Jones registrou queda de 0,61% no ano.
Mais investimentos em melhorias e ampliações
A Copel deu continuidade em 2005 à sua política de investir na melhoria, modernização e ampliação dos setores que interferem mais diretamente na qualidade do serviço prestado aos consumidores. Assim, do total de investimentos de R$ 437,3 milhões, quase 90% (ou R$ 390 milhões) foi destinado às áreas de distribuição (R$ 241,1 milhões) e transmissão de energia (R$ 148,9 milhões). O resultado prático foi uma queda tanto na duração média dos desligamentos por consumidor (13h28 no ano, redução de 4%) quanto na freqüência média dos desligamentos (13,51 vezes, queda de 5%).
O restante dos recursos de investimentos contemplou as áreas de telecomunicações com R$ 23,6 milhões, geração com R$ 20,9 milhões e participações com R$ 2,7 milhões. A Elejor e a Compagas, empresas subsidiárias da Copel, investiram durante o ano R$ 225,1 milhões e R$ 9,9 milhões, respectivamente.
Para 2006, a Copel tem um programa de investimentos ainda mais encorpado, totalizando R$ 553,1 milhões. Novamente as maiores fatias irão contemplar projetos nos setores de distribuição (com R$ 317,4 milhões) e transmissão (com R$ 176,8 milhões). O setor de telecomunicações terá recursos de R$ 34,9 milhões, o de geração R$ 21,6 milhões e a área de participações, R$ 2,4 milhões.
O parque gerador próprio da estatal é formado por 18 usinas (17 hidrelétricas) com 4.550 megawatts de potência instalada. O sistema de telecomunicações tem 4.476 km de cabos de fibras ópticas no anel principal e 3.688 km de cabos ópticos nos radiais, que atendem a 146 cidades paranaenses. A Copel tem em seus quadros 7.704 empregados.