Sem aumento

Copel mantém decisão de não reajustar tarifa de luz

Mesmo com a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), concedida ontem, para um reajuste médio de 12,98% nas tarifas da Companhia Paranaense de Energia (Copel), a empresa anunciou que manterá sua posição anunciada na semana passada, de não alterar de pronto os preços aos consumidores.

Os acionistas da companhia devem discutir, em uma Assembleia Geral Extraordinária convocada para o dia 23 de julho, a forma como o reajuste será aplicado.

Os aumentos autorizados pela Aneel são de 11,50% na conta de luz para residências e comércio e entre 14,39% e 18,44% para os clientes de alta tensão, como indústrias.

A Copel chegou a solicitar à Agência, na reunião de ontem, que um índice menor fosse aplicado e que a diferença entre o porcentual aplicado nas tarifas e o valor integral aprovado pela agência seja repassada nos próximos reajustes da concessionária, por meio da constituição de um ativo regulatório.

O pedido, no entanto, foi negado pela Aneel, sob o argumento que a tarifa definida pelo regulador é o teto, e que é facultado à concessionária cobrar tarifas inferiores às homologadas pela agência.

A autarquia também negou o pleito para evitar que essa postergação no aumento da conta de luz implicasse em um impacto maior para os consumidores nos próximos reajustes da concessionária.

Em conversa com a Agência Estado, um analista de um grande banco, que preferiu não ser identificado, afirmou que o fato de a Aneel ter negado o pedido da Copel é negativo para a empresa, já que a estatal não terá como recuperar a receita perdida no período em que não aumentou a tarifa.

Especialistas também apontam a forte ingerência do governo do Estado sobre a Copel como um dos motivos para as ações da companhia estarem entre as mais baratas do setor. Ontem, as ações preferenciais da empresa (CPLE6), foram as que mais caíram na Bovespa: -3,57%, ficando cotadas a R$ 27,53.

Absorção

Ainda ontem, a Copel anunciou, através da Agência Estadual de Notícias (AEN), que está “avaliando os mecanismos que serão adotados para amortecer e absorver o percentual autorizado pela Aneel, neutralizando seus efeitos na conta de luz paga pelos consumidores”.

O presidente da companhia, Rubens Ghilardi, voltou a dizer que o reajuste, por enquanto, não irá acontecer: “A decisão de não elevarmos neste momento os preços pagos pelo nosso consumidor na conta de luz está tomada”.

O governador Roberto Requião também defendeu a manutenção dos preços atuais. “O compromisso da Copel com a lucratividade que tem sido bastante expressiva, por sinal não se sobrepõe ao interesse social da geração de empregos, do incremento de renda e da melhoria na qualidade de vida da população”, disse à AEN.

Não é a primeira vez que a Copel decide não repassar aos seus clientes a alta na conta de luz. Em junho de 2003, o reajuste autorizado pela Aneel, de 25,27%, não foi repassado de imediato para os consumidores adimplentes. Parte do percentual (15%) foi repassada em janeiro de 2004 e o restante (14,43%) em junho do mesmo ano.

Gás natural 10% mais barato

Helio Miguel

Uma antiga reivindicação das indústrias que utilizam o gás natural em suas instalações foi atendida, ontem, pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas).

A empresa vai reduzir em 10% as tarifas cobradas no segmento industrial e de Gás Natural Veicular (GNV). O desconto será dividido em 5% aplicados entre 1.º de julho a 31 de dezembro para todos os consumidores, e outros 5% para quem pagar as faturas em dia.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Vidros, Cristais, Espelhos, Pisos e Revestimentos, Cer&acirc,;mica de Louças e Porcelana do Paraná (Sindilouça), José Canisso, ficou satisfeito com a medida, apesar de lembrar que outros estados concederam descontos maiores. Segundo ele, deve haver um impacto de 4% a 5% nos preços dos produtos do setor.

O diretor-presidente da Compagas, Luiz Carlos Meinert, disse que o custo do gás é influenciado pela evolução do preço do petróleo e a variação da taxa de câmbio. Desde setembro de 2008, os dois fatores tiveram uma volatilidade muito grande, tendo a empresa absorvido no último trimestre do ano passado, um “volume enorme” de aumento de custos, sem repassar.