A Copel (Companhia Paranaense de Energia) fechou o primeiro semestre de 2002 com lucro líquido de R$ 88,382 milhões, conforme o balanço financeiro divulgado ontem. Segundo a empresa, o resultado reflete a alta variação do câmbio. A desvalorização de 22% do real frente ao dólar no segundo trimestre foi o motivo apontado para o prejuízo de R$ 53,4 milhões no período.
De acordo com a energética, os efeitos da valorização do dólar nas contas da Copel afetaram principalmente o custo da energia elétrica comprada de Itaipu (cuja tarifa é indexada àquela moeda) e o saldo das dívidas da empresa em moeda estrangeira. “Esse impacto só não foi maior porque a Copel reduziu sua exposição ao dólar a partir de maio, com a reestruturação do perfil da dívida”, comentou o diretor de Finanças e de Relações com Investidores, Ricardo Portugal Alves.
Ele explicou que o saldo de três operações realizadas na época (emissão de R$ 500 milhões em debêntures, repactuação de US$ 150 milhões em eurobônus e quitação de um lote de US$ 67 milhões em “euro commercial papers”) reduziu bastante a proporção das dívidas em moeda estrangeira dentro do passivo da companhia. “Do endividamento total da Copel em 31 de março, 63% eram compromissos em dólar ou outras moedas, percentual que chegou em 30 de junho aos atuais 46%”, informou Alves. A dívida total da Copel no fim do primeiro semestre era de R$ 1,953 bilhão, sendo R$ 906 milhões em moeda estrangeira. Mas menos de 10% (R$ 175 milhões) é de curto prazo (com vencimento em até doze meses).
O balanço mostra que a receita líquida da companhia no segundo trimestre foi de R$ 618,3 milhões, totalizando R$ 1,25 bilhão de janeiro a junho. O lucro bruto foi de R$ 130,8 milhões no segundo trimestre e de R$ 368,3 milhões no semestre. O patrimônio líquido da Copel é de R$ 5,133 bilhões.
Mercado
A Copel destacou que o resultado contábil do primeiro semestre também foi influenciado pelo efeito inibidor do racionamento de energia elétrica, decretado em outras regiões do País, sobre o ritmo de crescimento do mercado consumidor paranaense. O mercado atendido pela Copel registrou expansão de apenas 0,8% em relação ao primeiro semestre de 2001, totalizando 8,7 mil gigawatts hora (GWh). Houve incremento nos segmentos industrial e rural, enquanto o consumo da classe residencial caiu 3,3%. Alves salientou que em junho o consumo foi 6% maior que em junho de 2001, mostrando haver tendência à recuperação dos níveis históricos de crescimento do consumo, ao redor de 5% ao ano.
Segundo o relatório da diretoria enviado à Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), a Copel gerou 8,9 mil GWh no semestre e comprou 2,4 mil GWh de Itaipu. Outra fonte importante foi a energia contratada da Argentina pela Cien, empresa do grupo Endesa, que supriu mais 571 GWh.
Perspectivas
A Copel projeta melhores resultados para o segundo semestre. “Acreditamos na eficácia das medidas que as autoridades econômicas vêm tomando para estabilizar a cotação do real perante o dólar”, disse Alves. Além de um mercado financeiro mais calmo, o executivo aguarda os efeitos do reajuste tarifário de 10,96% – concedido pela Aneel às tarifas da Copel em 24 de junho – sobre as receitas operacionais.
O balanço financeiro revela que a Copel investiu R$ 160 milhões nos seis meses iniciais de 2002, sendo R$ 32 milhões em geração; R$ 14 milhões em transmissão; R$ 61 milhões em distribuição; R$ 9 milhões em telecomunicações, e R$ 44 milhões em projetos onde a empresa participa.