O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Eduardo Requião, vai cobrar a postura assumida pelos presidentes de quatro cooperativas instaladas na região Oeste do Paraná sobre o controle da qualidade dos produtos originados nas cooperativas e enviados ao mercado externo via Porto de Paranaguá.
Durante reunião na sede da APPA com o dirigente portuário, os cooperativistas Nelson Costa, superintendente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Irineo da Costa Rodrigues, da Cooperativa Agroindustrial LAR, Dilvo Grolli, diretor presidente da Cooperativa Agropecuária Cascavel (Coopavel), Jaime Basso, diretor vice-presidente da Cooperativa Agrícola Mista Vale do Piquiri (Coopervale) e Sidney Pinto, Gerente da unidade da Cotriguaçu, em Paranaguá, adotaram o compromisso de melhorar a qualidade da soja e farelo exportados pelo Porto de Paranaguá. O deputado estadual Ademir Bier também esteve presente na reunião.
O trabalho das cooperativas acontecerá em parceria com a APPA e tem o objetivo de incrementar a credibilidade do porto paranaense frente ao mercado internacional, como o chinês, um dos principais compradores da soja brasileira. “Temos informações confirmadas de que muitas das cargas refugadas pela Claspar são originárias das cooperativas. Vamos cobrar a qualidade desses produtos porque priorizamos o crescimento deste porto e desta comunidade. Os casos de produtos refugados estão passando de isolados para constantes e a APPA não admitirá mais esse desrespeito com a economia do Estado do Paraná”, disse o superintendente da APPA, Eduardo Requião.
Qualidade Paranaguá
O controle da qualidade dos produtos movimentados pelo Porto de Paranaguá faz parte de um plano elaborado pela atual administração portuária que visa a implantação do Selo de Qualidade Paranaguá, um modo de garantir ao consumidor final a segurança sobre o que está adquirindo. “Vamos implantar um sistema que digitaliza as notas dos produtos que chegam ao Porto. Um banco de dados único contendo informações precisas sobre as cargas possibilitará maior segurança e credibilidade ao produtor, ao porto e ao mercado comprador”, comentou Requião. Pensando nesta garantia, as cooperativas representadas no encontro com o superintendente da APPA firmaram compromisso sobre o controle do produto que passará a acontecer também na origem. “Nosso intuito é acompanhar toda a logística da nossa produção e não apenas no momento do embarque. Nos comprometemos com a economia do Paraná e com o superintendente do Porto de Paranaguá em manter a credibilidade do terminal e a sua aceitação no comércio exterior”, disse Dilvo Grolli, da Coopavel.
Movimentação
O Porto de Paranaguá é o segundo maior do Brasil e o primeiro da América Latina na exportação de grãos. Tal mérito é resultado da movimentação de cargas que a cada ano representa recordes para o Paraná. De janeiro até o dia 19 de agosto, o porto já movimentou 21,2 milhões de toneladas de produtos, número superior às 18,2 milhões de toneladas movimentadas no mesmo período de 2002, um aumento de 16%.
Faltando quatro meses para o fim do ano, os portos de Paranaguá e Antonina estão prestes a superar as 28,5 milhões de toneladas movimentadas em todo o ano passado. O destaque fica por conta do complexo soja (grão, farelo e óleo), que neste ano representa 9,8 milhões de toneladas exportadas, contra 8,2 milhões em 2002. Só no Porto de Antonina o aumento foi de 51%. Os demais segmentos movimentados pelo portos do Paraná, como carga geral, granéis líquidos e sólidos também apresentaram aumentos: 7%, 15% e 25%, respectivamente.
Missão vai verificar as reclamações
Brasília ( AG) – Uma missão brasileira de exportadores de soja irá à China em setembro para verificar as reclamações dos chineses sobre impurezas no produto, evitando uma possível queda nas exportações, informou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro (Mapa). A decisão foi tomada durante a visita ao Brasil do vice-ministro da Administração Geral da Supervisão de Qualidade, Inspecção e Quarentena da China, Wang Qinping.
Após uma reunião com Qinping na terça-feira, o governo brasileiro fechou um acordo com os exportadores de soja no sentido de aumentar a fiscalização das cargas destinadas à China, que deverão ser separadas para evitar impurezas.
De acordo com o secretário do Mapa, Amauri Dimarzio, o vice-ministro chinês não falou em nenhum momento em cancelar ou reduzir as importações de soja brasileira. A China reclama da presença de impurezas e de aflatoxina resultante do excesso de umidade na soja embarcada por determinadas empresas brasileiras.
O produto originário da Argentina e dos Estados Unidos também enfrenta restrições semelhantes no mercado chinês, disse Dimarzio.
O governo brasileiro solicitou à missão chinesa que envie uma análise com dados detalhados de cada carga de soja embarcada para que possa identificar a origem dos lotes.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil já exportou mais soja para a China nos sete primeiros meses deste ano do que em todo o ano de 2002.
No ano passado, os chineses compraram 825 milhões de dólares (740 milhões de euros) de soja brasileira.
Este ano, até julho, as vendas do produto para a China já atingem 943 milhões de dólares (846 milhões de euros).
Os chineses também pretendem ampliar as compras de carne bovina brasileira, informou o secretário do Ministério da Agricultura, acrescentando que a China já pediu ao governo brasileiro uma avaliação do controle de resíduos do produto.
Atualmente, o Brasil tem uma quota de exportação de 10 mil toneladas/ano de carne bovina para a China.
A balança comercial dos dois países regista um crescimento considerável, este ano, em relação a 2002.
No ano passado, o total das exportações brasileiras para a China foi de US$ 2,520 bilhões e as importações somaram US$ 1,554 bilhão.
Somente nos sete primeiros meses do ano, os chineses já compraram do Brasil US$ 2,537 bilhões e exportaram US$ 1,072 bilhão.