Foto: Rafael Silva/O Diário do Norte

Tratores nas ruas para mostrar o descontentamento.

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O movimento dos produtores rurais do Norte e Noroeste do Estado receberam apoio da Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar). As seis indústrias maringaenses, ontem, foram paralisadas e, segundo o vice-presidente, José Fernandes Jardim Júnior, em breve o consumidor poderá sentir os reflexos da crise. Os protestos de agricultores continuam em muitas rodovias da região. Nas ferrovias, parte do bloqueio que estava em Maringá seguiu para Sarandi e, em Marialva e Cambé, a situação permanece a mesma, assim como as reivindicações de uma política cambial e preços mais justos.

Além das indústrias, as operações foram paralisadas também nos postos de fixação de safras, em Maringá, e em outros 39 entrepostos da região. Segundo a Cocamar, na sede, cerca de mil funcionários estão parados. As seis unidades industriais, cujas operações foram interrompidas, produzem óleos vegetais, café, maionese, álcool e outros produtos. Além de alegar motivos operacionais, a diretoria garante que parou em apoio aos produtores rurais e, por isso, não recorreu às vias judiciais para que as unidades fossem desbloqueadas.

?Estamos com bloqueio na área industrial desde domingo e agora não temos mais onde estocar. É difícil estimar o prejuízo que estamos tendo por deixarmos de fornecer aos clientes, mas prejuízo há. No entanto, o movimento que está em toda a região, engloba os cooperados que são os donos da Cocamar. Por isso apoiamos o movimento. A sociedade tem que sentir o problema que estamos vivendo. Sem dúvida, todos serão afetados. Daqui a pouco não vai ter óleo, álcool, açúcar e outros produtos nas prateleiras, nem combustíveis nos postos?, alerta José Fernandes.

O vice-presidente da cooperativa garante que até o dia 16 a Cocamar fica parada, mesmo que hoje saia alguma posição ou medida do Ministério da Agricultura. ?Se sair algo hoje, provavelmente não vai atender os pleitos dos agricultores. O que se pede é, além de tudo, perspectiva de futuro para os produtores. O que vem através de securitização da dívida e prazo de carência; um seguro rural efetivo e garantia de preços mínimos. Hoje, o que o produtor gasta é bem mais do que recebe pela produção. Precisamos do governo (federal) medidas mais concretas e rápidas. Medidas isoladas e paliativas não vão resolver. É preciso que venha uma solução global?, comenta Fernandes.

Protestos

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Em Maringá, a Polícia Militar cumpriu, ontem pela manhã, a reintegração de posse do trecho da ferrovia administrada pela América Latina Logística (ALL), na Avenida Dezenove de Dezembro. Segundo o sargento Lopes, da Polícia Militar local, a operação foi realizada por 80 policiais, mas a saída foi pacífica. De acordo com um dos manifestantes, o produtor Juliano Fracasso, eles apenas cantaram o Hino Nacional e deixaram os trilhos. Segundo a ALL, parte dos produtores que trancavam a linha férrea em Maringá, seguiram para o trecho de Sarandi. No entanto, a informação não foi confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município.

Em Cambé, o presidente do Sindicato Rural, João Menoli, afirma que o movimento continua intenso. ?Está difícil segurar os produtores rurais. Eles continuam na linha do trem. Vamos ver que resposta sairá amanhã do governo federal?, diz ele. Em Marialva, os manifestantes também permaneciam na linha férrea. A ALL informa que continua encontrando medidas alternativas de escoar a produção, mas muitos clientes, que estão optando pelo escoamento via rodovias, estão sendo bastante prejudicados.

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Nas rodovias da região, os bloqueios também continuavam. A BR-376, no trecho próximo a Nova Esperança, foi bloqueada por volta das 10h e, segundo a Polícia Rodoviária, não havia previsão de desbloqueio. Em Colorado, na PR-542, quando cruza com a PR-317, as manifestações começaram às 14h, e apenas os veículos de cargas eram retidos. Também na PR-323, dois trechos foram bloqueados ontem, o de Jussara e de Doutor Camargo. De acordo com a Polícia Rodoviária, a informação era de que na região de Cianorte, próximo a Iguaraçu, também havia trecho bloqueado por produtores.