Conversor para TV digital custará R$ 300

O conversor que permitirá receber o sinal digital em televisores analógicos deve custar pelo menos R$ 300, segundo a Gradiente, que participa das especificações do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T). O ministro das Comunicações, Hélio Costa, costuma dizer que a caixinha, também chamada de set top box, custará entre R$ 80 e R$ 100, podendo chegar a R$ 30.

A indústria acha difícil chegar a esse preço sem subsídio. ?Não seria para esta década?, afirmou o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Gradiente, Moris Arditti, em evento sobre TV digital organizado pela empresa. ?A US$ 15, só se o Papai Noel comprar da Gradiente e distribuir, cobrando um preço simbólico.?

O primeiro conversor da empresa deve chegar ao mercado no fim do ano que vem. O início da transmissão comercial de TV digital em São Paulo está marcado para 3 de dezembro de 2007.

O Brasil decidiu utilizar a tecnologia de compressão de vídeo MPEG-4 (também chamada H.264). O padrão japonês ISDB-T, base do sistema brasileiro, usa uma versão anterior, o MPEG-2. Apesar de o MPEG-4 ser um padrão internacional, ainda é pouco difundido. Segundo a STMicroelectronics, uma fabricante de componentes, existem cerca de 1,5 milhão de conversores com MPEG-4 em uso hoje no mundo

O SBTVD-T, como está sendo desenhado, tem um ?efeito PAL-M? para a indústria. O PAL-M é o padrão de TV em cores adotado no Brasil que misturou uma tecnologia européia a uma americana e protegeu a indústria nacional. O mesmo deve acontecer com o SBTVD-T. Ele usa o padrão japonês, com uma técnica de compressão de vídeo diferente e um software, chamado middleware, brasileiro. Não será possível, dessa forma, importar equipamentos diretamente. Nem usar os projetos desenvolvidos no exterior, que precisarão ser adaptados. A diferença do PAL-M é que os componentes terão padrão internacional.

Dessa forma, a vantagem dos fabricantes estrangeiros sobre os nacionais fica reduzida. Quando o ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira anunciou o SBTVD, no começo do governo, foi acusado de querer beneficiar a Gradiente, cujo presidente, Eugênio Staub, havia sido um dos primeiros empresários a apoiar a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o primeiro mandato.

No celular com TV, acontece uma coisa parecida. As empresas têm de criar aparelhos com tecnologia européia GSM, a mais difundida no país, que recebam televisão no padrão japonês ISDB-T. Esse produto não existe no mercado internacional. Os fabricantes precisam combinar aparelhos europeus e japoneses para chegarem a ele. A Gradiente promete lançar o celular com TV no fim de 2007. (AE)

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