O Banco da Mulher e o Santander Banespa assinaram ontem, em Curitiba, convênio para repasse de recursos para o microcrédito produtivo orientado. O objetivo é aumentar o volume de recursos disponíveis aos trabalhadores, especialmente àqueles que atuam na informalidade e encontram dificuldades em obter crédito bancário. Inicialmente, o Santander Banespa estará disponibilizando R$ 100 mil para o Banco da Mulher em Curitiba, com potencial de aumentar este volume. O convênio é um projeto-piloto e deve seguir para outras capitais, como Salvador e Rio de Janeiro.
?Para o Santander, a importância do convênio está na condição de ampliar a base de clientes desse perfil, que não têm acesso ao crédito?, apontou o superintendente do Santander Banespa, regional Paraná, Carlos Sacks. ?Sabemos do potencial deste mercado?, completou, acrescentando que quase 80% da população brasileira não possui conta bancária.
A presidente do Banco da Mulher Brasil, Gabriella Icaza, salientou que o convênio firmado é um verdadeiro marco – é a primeira vez que a instituição faz parceria com um banco privado. ?Queremos diminuir a dependência de órgãos do governo?, afirmou. Segundo ela, o Banco da Mulher tem cerca de 3 mil clientes ativos atualmente, menos da metade do que em 2002. ?O BNDES simplesmente fechou as portas e não existia a possibilidade de pegar recursos com os bancos privados?, afirmou. A situação só mudou quando o governo federal permitiu, a partir de janeiro deste ano, que os bancos privados que recolhem compulsório destinassem 2% do volume que fica esterilizado no Banco Central aos microcréditos.
Crédito orientado
Segundo Gabriella Icaza, o empréstimo médio concedido pelo Banco da Mulher em nível nacional é de R$ 1 mil, pagos em seis meses. Em Curitiba, o empréstimo médio é mais alto: R$ 1,6 mil, pagos em sete meses. O fácil acesso ao crédito é um dos principais chamarizes do Banco da Mulher. ?A pessoa só tem que comprovar a atividade. O banco concede crédito com o mínimo de seis meses de atividade?, explicou. O recurso, segundo ela, é utilizado principalmente na aquisição de insumos e em capital fixo, como máquinas de selar ou de costura, e ainda como capital de giro.
Sobre a principal vantagem, a presidente cita o crédito orientado. ?Existe todo um acompanhamento. Quando emprestamos, damos também orientação, instruções de custos?, afirmou. Os juros, segundo ela, variam entre 3,5% e 4% ao mês e a taxa de inadimplência é uma das mais baixas do mercado: 0,7% para casos de mais de 90 dias. ?Só não pagam mesmo em caso de morte ou doença grave?, atestou. Carlos Sacks, do Santander Banespa, reconheceu que a inadimplência é baixa. ?No Santander, como trabalhamos com diversos produtos, a inadimplência varia de 2% a 7% para o mesmo período (90 dias)?, apontou.
Apesar da denominação Banco da Mulher, a instituição é aberta também a homens: em todo o País, eles respondem por 12% do total de clientes e, em Curitiba, por 35%, lembrou Gabriella.