Controlar finanças pessoais exige muita disciplina

Terminar o mês sem estar ?no vermelho? é um mérito restrito a poucos. Com o salário cada vez mais curto e despesas que não param de subir – caso dos combustíveis, alimentos, contas de telefone e de luz, entre outros tantos -, o brasileiro é obrigado a fazer um verdadeiro malabarismo para honrar todas as dívidas contraídas ao longo do mês.

?A primeira questão é que o sistema educacional sempre ignorou o assunto dinheiro. As pessoas passam oito anos no ensino fundamental, mais três no ensino médio e, conforme o curso superior, soma 15 anos de estudo. Nesse tempo todo, elas não recebem sequer noções básicas sobre comércio, contratos, finanças ou impostos?, criticou o economista José Pio Martins, vice-reitor da UnicenP e autor do livro Educação financeira ao alcance de todos.

?Fico chocado como o sistema educacional ignora este assunto?, disparou Pio Martins. ?Ignorar é inexplicável e inaceitável.? Para o economista, o desprezo pelo assunto tem raízes na religião. ?A questão é que a estrutura de ensino vem da religião, que sempre pregou o desapego ao dinheiro. Mas há diferença entre apegar-se a bens materiais e a independência financeira?, ponderou.

Segundo Pio Martins, para ter sucesso na gestão financeira é preciso antes de mais nada se preocupar com o assunto, ?independentemente da profissão.?

?Seu sucesso na gestão financeira não depende só de aprender habilidades técnicas. É preciso lidar com a emoção, resolver a postura diante do dinheiro e observar se você é uma pessoa consumista, que gasta por vaidade, por impulso, ou se é austera, organizada?, explicou.

O economista contou que costuma falar em cinco ações para se chegar ao controle das finanças pessoais: ter interesse pelo assunto dinheiro, estudar o tema, organizar a vida financeira, planejar metas financeiras e ter disciplina para executar o plano com êxito. ?Este último é o mais difícil. Disciplina é uma atitude mental, emocional?, apontou. Para o economista, os cinco passos valem inclusive para aqueles que não tiveram uma boa base de educação financeira.

Controle dos gastos

Para quem deseja fazer um planejamento financeiro, o primeiro passo é conhecer as despesas. Para tanto, anotar todos os gastos é uma prática fundamental. ?Só se gerencia o que se conhece. E só se conhece o que se mede?, apontou Pio Martins, destacando, porém, que é preciso ter metodologia na hora de elaborar a lista de despesas. Segundo ele, é possível classificar as despesas em quatro categorias: as despesas fixas obrigatórias, como aluguel, IPTU, IPVA, que não podem ser reduzidas nem eliminadas; as despesas fixas variáveis, como a assinatura de TV a cabo, internet de banda larga, seguro do carro, de vida, título de clube de campo. ?Ninguém é obrigado a ter estas despesas, mas se tiver, elas se tornam fixas?, explicou.

Outra categoria é a de despesas variáveis obrigatórias, como gastos com alimentação e vestuário. ?São despesas obrigatórias, mas você pode ter vinte pares de sapatos ou apenas dois, por exemplo?, comentou Pio Martins. E por último figuram as despesas variáveis não obrigatórias, como produtos de beleza, telefone celular, gastos com lazer como cinema, CD´s, DVD´s, entre outros. ?A pessoa tem que viver segundo o tamanho de sua renda e dividir as despesas conforme suas necessidades?, explicou o economista, acrescentando que enquanto para algumas mulheres a ida ao salão de beleza uma vez por semana é fundamental, para outras, não.

Com relação aos investimentos, Pio Martins destacou que se trata de uma ciência e lembrou que é preciso escolher investimentos bons. ?Os ativos bons são aqueles que trazem algum rendimento, como é o caso de salas comerciais que podem ser alugadas. Já os ruins são aqueles que só dão gastos, como a casa de praia, que fica fechada durante a maior parte do ano e só dá despesas?, resumiu.

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