Após trocas de farpas em meio à tramitação da reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a fazer acenos ao ministro da Economia, Paulo Guedes. “Conte com esse presidente da Câmara, que tem muita convergência de ideias”, disse Maia, sentado ao lado do ministro no início de audiência pública sobre o Orçamento de 2020.
Maia defendeu uma reflexão sobre a peça orçamentária do ano que vem, que prevê apenas R$ 89,2 bilhões de despesas com investimentos e custeio da administração pública, valor considerado insuficiente para garantir o pleno funcionamento do governo.
“Fizemos um Orçamento em que atendemos à cúpula do serviço público e a algumas empresas que têm benefício fiscal”, disparou Maia. No ano que vem, as despesas com pessoal devem somar R$ 336,6 bilhões. Já as renúncias de receitas devem ultrapassar os R$ 331 bilhões.
“O sinal é claro: ou reformamos o Estado ou ficaremos apenas validando pagamento de pessoal e da máquina”, disse.
Depois da fala de Guedes, Maia deixou o plenário da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e indicou ter deixado para trás as trocas de farpas com o ministro após o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) apresentar, em junho, o parecer da reforma da Previdência retirando a capitalização (regime de contribuição para uma conta individual) e elevando a tributação sobre bancos. À época, Guedes criticou o parecer e a postura da Câmara, revoltando parlamentares, e Maia rebateu dizendo que o governo era uma “usina de crises”.
Nesta quarta, o presidente da Câmara indicou apoio ao ministro. “Temos mais convergências que divergências. Concordo com o diagnóstico dele em relação aos problemas do Orçamento público brasileiro”, afirmou.