Auxiliado pelo firme desempenho da balança comercial, o Brasil iniciou o ano com o melhor superávit em transações correntes já registrado em um mês de janeiro e a projeção do Banco Central aponta para um novo resultado favorável em fevereiro. No mês passado, o superávit foi de 818 milhões de dólares, ante um saldo de 680 milhões de dólares registrado em janeiro de 2004, informou ontem o BC.

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Essa foi a melhor performance para janeiro desde o início da série histórica, em 1947. O resultado acumulado nos últimos 12 meses também é recorde – superávit de 11,807 bilhões de dólares, equivalente a 1,95% do PIB. ?O resultado é um reflexo do comportamento da balança comercial?, afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Segundo Lopes, o BC estima que em fevereiro, mês com um número menor de dias úteis, as transações correntes – que medem a entrada e saída de recursos do país em função de transações comerciais, contratação de serviços (como seguros) e transferências de renda e juros – terão um superávit de 500 milhões de dólares.

No mês passado, a balança comercial teve saldo positivo de 2,2 bilhões de dólares -também o melhor resultado já registrado pelo país em um mês de janeiro -, apesar da valorização do câmbio. Em fevereiro, o saldo acumulado até o dia 20 é de 2,038 bilhões de dólares, segundo número do Ministério do Desenvolvimento.

Investimento

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Lopes destacou, ainda, os números do investimento estrangeiro direto (IED), que considerou ?bastante positivos?. Em janeiro, o IED foi de 1,218 bilhão de dólares e, para fevereiro, a projeção do Banco Central é de que ele chegue a cerca de 800 milhões de dólares, sendo que até ontem o País já contava com 700 milhões de dólares.

?Está um pouco acima das expectativas?, afirmou Lopes ao comentar o fluxo, acrescentando que os investimentos estão dispersos entre diferentes setores e países de origem.

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Em janeiro do ano passado, o investimento estrangeiro foi de 993 milhões de dólares.

O balanço de pagamentos, que inclui transações correntes e a conta de capital e financeira, foi superavitário em 2,025 bilhões de dólares em janeiro, acrescentou o BC.

Com dólar fraco, brasileiro viaja mais

Os gastos de turistas brasileiros no exterior subiram 51% em janeiro. Os brasileiros que viajam a negócios ou turismo deixaram lá fora US$ 296 milhões em janeiro, contra US$ 196 milhões no mesmo mês do ano passado. Tanto a cotação do dólar em um patamar abaixo de R$ 2,70 como o período de férias contribuíram para essa elevação.

?O importante é que a receita (de estrangeiros no Brasil) continua crescendo?, disse Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central. No mês passado, os estrangeiros deixaram no país US$ 341 milhões, contra US$ 296 milhões em janeiro de 2004, um crescimento de 15,2%.

Esses dois resultados fizeram com que o Brasil terminasse janeiro com um saldo positivo de US$ 44 milhões na conta de viagens, uma queda de 56% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o saldo foi de US$ 100 milhões.

Dólar

Para Altamir, a cotação do dólar – que em fevereiro caiu ainda mais e hoje está em cerca de R$ 2,58 – ainda não tem um impacto sobre as contratações de câmbio para operações comerciais. Essas contratações são feitas pelos exportadores de forma antecipada, para financiar a produção do que será vendido ao exterior.

Em janeiro, elas somaram US$ 6,576 bilhões. Em fevereiro, até agora, estão em US$ 4,404 bilhões.

?(A contratação) é o prenúncio de embarques bastante positivos?, espera Altamir.

O exportador pode fazer as contratações de câmbio até 180 dias antes da mercadoria que foi vendida ser embarcada. Já a contabilização da balança comercial é feita apenas com o valor efetivo embarcado.