O resultado das transações do Brasil com o exterior ficou negativo em US$ 25,4 bilhões no primeiro semestre de 2011, contra US$ 23,8 bilhões registrados em igual período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) pelo Banco Central (BC). O déficit em transações correntes é o maior para o período da série histórica do BC, iniciada em 1947.
Somente em junho, o déficit das transações correntes ficou em US$ 3,3 bilhões, contra US$ 5,27 bilhões registrados em igual mês de 2010.
A conta de transações correntes registra as compras e vendas de mercadorias e serviços. Nesse cálculo estão incluídas as exportações e importações de mercadorias que formam a balança comercial. No primeiro semestre, houve superávit comercial (as exportações foram maiores do que as importações) de US$ 12,9 bilhões, contra US$ 7,88 bilhões registrados em igual período de 2010.
Esse saldo positivo da balança comercial contribuiu para que o resultado das déficit das transações correntes não fosse mais elevado. Em junho, o superávit comercial chegou a US$ 4,42 bilhões, contra US$ 2,27 bilhões de igual mês do ano passado.
Por outro lado, a balança de serviços e rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros, viagens internacionais, aluguel de equipamentos, royalties e outros) contribui para elevar o resultado negativo das transações correntes. No primeiro semestre, a balança de serviços e rendas ficou negativa em US$ 39,9 bilhões, contra US$ 33,2 bilhões verificados de janeiro a junho de 2010. Somente em junho, houve déficit de US$ 7,83 bilhões, contra US$ 7,65 bilhões de igual período do ano passado.
Na conta de transações correntes também estão incluídas as transferências unilaterais correntes, que são doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens. No primeiro semestre, as transferências unilaterais correntes registram ingresso líquido (descontada a saída) de US$ 1,52 bilhão, contra US$ 1,51 bilhão de igual período de 2010. Em junho, houve ingresso líquido de US$ 110 milhões, contra US$ 115 milhões do mesmo mês de 2010.
Como o resultado das transações correntes ficou negativo, ou seja, o país gastou mais do que a renda, é preciso receber recursos do exterior para financiar esse déficit. De janeiro a junho, o investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo da economia, ficou em US$ 32,4 bilhões, contra US$ 12 bilhões de igual período de 2010.
Em junho, foram registrados US$ 5,46 bilhões, ante US$ 766 milhões do mesmo mês de 2010. Somente o investimento estrangeiro direto foi mais do que suficiente para financiar o déficit em transações correntes.