O saldo negativo de US$ 17,4 bilhões da conta corrente do balanço de pagamentos do País com o exterior no primeiro semestre deste ano é o pior resultado para o período de toda a série histórica do Banco Central, iniciada em 1947, de acordo com o chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes. Ele também informou que o déficit em transações correntes de junho (US$ 2,596 bilhões) é o pior resultado para o mês de junho desde 1999, quando o déficit foi de US$ 2,926 bilhões.

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Apesar dos números negativos, Altamir pondera que o valor nominal do déficit não é o indicador mais adequado para se observar a evolução das contas externas. Segundo ele, o dado mais relevante é o resultado da comparação com o Produto Interno Bruto (PIB – conjunto das riquezas produzidas pelo País). Nesta forma de contabilização, o déficit em conta corrente somou 1,32% do PIB nos 12 meses encerrados em junho. “O valor ainda é relativamente baixo, se compararmos com economias com características semelhantes”, disse ele.

Altamir citou que o resultado negativo da Índia, por exemplo, equivale a 1,2% do PIB. Na Colômbia, o déficit equivale a 4,9% do PIB e na Croácia, a 8,5%. Os números se referem ao resultado de 2007.

Ele explicou que o resultado semestral das contas externas brasileiras foi diretamente influenciado pelo volume de remessas de lucros e dividendos (recursos que as empresas multinacionais enviam a suas matrizes no exterior), que somaram US$ 3,396 bilhões em junho e US$ 18,993 bilhões no primeiro semestre do ano. Outros fatores que influenciaram o resultado foram o câmbio e o aumento do déficit da conta de viagens internacionais.

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Altamir afirmou que, apesar do déficit semestral, as contas externas continuam “perfeitamente financiáveis” pelo ingresso de investimento estrangeiro direto (IED). “O ingresso de IED é mais do que suficiente para compensar o déficit”, afirmou. No acumulado de 12 meses até junho, o IED totalizou US$ 30,435 bilhões, o equivalente a 2,22% do PIB.