A conta de transações correntes, que representa as principais transações do País com o exterior na área comercial e na contratação de serviços e transferências de renda, teve um superávit de US$ 2,592 bilhões em julho. Segundo o Banco Central, trata-se do melhor resultado mensal desde 1947, quando esse dado começou a ser levantado. O resultado foi influenciado principalmente pelo superávit também recorde registrado pela balança comercial no mês passado, de US$ 5,012 bilhões
No acumulado do ano, as transações correntes têm um saldo de US$ 7,876 bilhões. No ano, deve ficar em US$ 4 bilhões. A previsão anterior era de US$ 4,8 bilhões, mas foi revista porque o déficit na conta de viagens está acima do esperado, segundo Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC.
A previsão era de que a conta de turismo tivesse um déficit de US$ 200 milhões no ano, mas o acumulado entre janeiro e julho já está negativo em US$ 408 milhões. Agora, a previsão é que fique em US$ 800 milhões no ano.
O balanço de pagamentos, que reflete todas as movimentações de recursos feitas entre o País e o exterior, está superavitário em US$ 4,623 bilhões no ano. O balanço inclui o resultado das transações correntes mais a conta capital e financeira (que representam as operações financeiras do País com o exterior) e o ingresso de investimentos estrangeiros. No mês passado, no entanto, ficou negativo em US$ 5,009 bilhões, em razão da antecipação de pagamentos ao FMI (Fundo Monetário Internacional) no valor de US$ 4,976 bilhões.
Já a entrada de investimentos estrangeiros no País quase dobrou nos primeiros sete meses deste ano. De janeiro a julho, esses recursos somaram US$ 10,601 bilhões, volume 87,8% superior ao registrado no mesmo período de 2004 (US$ 5,645 bilhões).
Em julho, os investimentos estrangeiros somaram US$ 2,035 bilhões, 27,18% a mais do que em igual mês do ano passado. Neste mês, até ontem, os investimentos somavam US$ 1,3 bilhão. Esse número deve chegar a US$ 1,8 bilhão até o final de agosto, segundo estimativa do BC.
Esses investimentos são importantes para sustentar a retomada do crescimento econômico. Eles ajudam a ampliar a capacidade das empresas de ofertarem bens e serviços. Com maior capacidade de produção, cai o risco de a inflação sair do controle.
Apesar do avanço dos investimentos no País, o Banco Central mantém sua previsão de entrada de US$ 16 bilhões no País por meio dessas operações, valor inferior ao do ano passado, que somou US$ 18,166 bilhões.
Tesouro comprou US$ 3 bilhões no mercado em julho
O Tesouro Nacional liquidou no mês passado US$ 3,042 bilhões das contratações de dólar feitas nos meses anteriores. A contratação desses recursos pode ocorrer até seis meses antes da liquidação. Esse dinheiro foi utilizado para o pagamento de bônus da dívida (Euro 05 e Global 05), que somou US$ 2,502 bilhões, mais seus juros (US$ 673 milhões). O Tesouro usou apenas US$ 133 milhões das reservas para esse pagamento.
Neste ano, o Tesouro pode comprar no mercado até US$ 8,996 bilhões para honrar compromissos da dívida externa. A contratação desses recursos pode ser feita com até seis meses de antecedência. No entanto, o valor só é divulgado na liquidação da operação.
O valor previsto inicialmente era de US$ 9,447 bilhões, mas a troca dos C-Bonds adiou parte do vencimento da dívida. No mês passado, o Tesouro trocou esses títulos por novos, o que alongou o vencimento da dívida em 3 anos e nove meses. A parcela de juros que seria paga em outubro foi transferida para janeiro.
Já o pagamento antecipado de US$ 5,1 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu as reservas internacionais do Brasil.
Em julho, o saldo das reservas brutas ficou em US$ 54,688 bilhões, contra US$ 59,885 bilhões no mês anterior, uma variação de US$ 5,197 bilhões.
Dívida
O Banco Central informou ontem que a dívida externa total brasileira estava em US$ 198,3 bilhões em maio, o menor patamar desde dezembro de 1997, quando ficara em US$ 191,6 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a redução tem ocorrido porque desde 2002 o País tem renovado menos o volume total da dívida. Altamir Lopes acredita que o valor para junho não deve ter grande alteração, já que a taxa de rolagem em junho ficou próxima de 100%.
