Consumo teve alta de R$ 500 bilhões na era Lula

Os brasileiros gastaram quase R$ 500 bilhões a mais durante os sete anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O consumo das famílias saiu de R$ 1,47 trilhão em 2002 para R$ 1,97 trilhão no ano passado. Os números são comparáveis porque foi descontada a inflação e os preços atualizados para 2009. O cálculo foi feito pela MB Associados com base nos dados divulgados na quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As projeções apontam para um crescimento de R$ 150 bilhões nos gastos das famílias brasileiras este ano, o que pode levar o consumo total para mais de R$ 2,1 trilhões. É um número recorde, que ajuda a explicar a alta popularidade do presidente Lula no fim do segundo mandato. Uma combinação de fatores positivos provocou essa explosão: crescimento econômico, forte expansão do crédito, geração de empregos (principalmente formais), aumento dos salários, câmbio valorizado e inflação controlada.

“O crescimento é a base, a inflação sob controle mantém o poder de compra e o crédito promoveu a alavancagem do consumo”, disse o economista do JP Morgan, Júlio Callegari. Ele ressalta que o crédito ao consumidor (excluindo o imobiliário) saiu de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 para 14,8% em 2009 – um patamar semelhante ao dos países ricos.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, explica que, no início do governo Lula, o crescimento do consumo ficou concentrado nas classes mais baixas, que foram beneficiadas pelos reajustes do salário mínimo e pelos programas sociais, como o Bolsa-Família.

Potencial

Na sua opinião, o grande impulsionador do consumo foi o avanço da classe C, que se consolidou a partir de 2005, quando a economia entrou em uma dinâmica positiva – maior crescimento e juros em queda. A participação da classe C no total de famílias brasileiras saiu de 23,7% em 2002 para 25,3% em 2005, e atingiu o recorde de 31,8% no ano passado.

“O Brasil ainda está nascendo para o consumo. O potencial é muito maior”, disse Vale. Mais de 60% das famílias brasileiras são consideradas pobres e fazem parte das classes D e E. A MB projeta que, se a expansão da economia persistir, a classe C vai se tornar a maioria da população em 2016.

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