Crítico

Consumo de gás na indústria está estagnado desde 2007

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) traçou um panorama crítico da oferta de gás no País. No estudo “Gás Natural: uma alternativa para uma indústria mais competitiva”, a entidade aponta que, apesar de o gás natural ter mais que dobrado a sua participação na matriz energética nacional, seu consumo na indústria segue estagnado desde 2007.

Nos últimos sete anos, a expansão média do consumo no País foi de 1,8% ao ano.

São duas as causas centrais dessa situação, de acordo com o diagnóstico da CNI: o preço elevado do insumo e a falta de competitividade no setor. “O que nos preocupa, basicamente, é essa situação de estagnação. A indústria busca contratos de longa duração, com preços mais competitivos, mas não é possível”, diz Rodrigo Garcia, técnico de infraestrutura da CNI.

“Além disso, há casos de restrição de oferta”, afirma. Ele menciona o exemplo da indústria de cerâmicas da Região Sul do País, que depende do gás natural em seu processo de produção. “Hoje esse setor quer aumentar a produção, mas não avança porque não encontra gás disponível”, diz Garcia.

Em outras indústrias, de acordo com o técnico da CNI, já houve quem decidiu trocar o Brasil por outros países, para driblar os problemas internos do gás.

“A (petroquímica) Braskem está fazendo isso, levando operações para o mercado americano. Essas movimentações ocorrem porque não há uma política de longo prazo, que abra o setor para a competitividade e que reduza o preço do insumo”, comenta Garcia.

O estudo da CNI faz parte da lista de propostas que a instituição apresentou aos candidatos à Presidência da República. No relatório, a instituição aponta que o preço final do gás natural para uma pequena ou média indústria do Brasil chega a alcançar US$ 14 por milhão de BTU.

Esse preço é mais que o dobro do praticado nos Estados Unidos. As dificuldades de expansão do setor, segundo a CNI, passam pelo controle exercido pela Petrobrás. Questionada sobre o assunto, a estatal informou que não iria se manifestar.

Apesar da paralisação na indústria, a demanda por gás natural tem sido puxada pelo crescente acionamento das usinas termoelétricas, que têm turbinado a importação de cargas de GNL (gás natural liquefeito).

A curva de crescimento fica clara quando observadas as projeções feitas pelo governo em seu Plano Decenal de Energia (PDE), que aponta as previsões de demanda nos próximos dez anos. No horizonte futuro, o estudo apontava demandas que poderiam variar entre 12 milhões de m³/dia até o patamar de 52 milhões m³/dia. A necessidade atual do setor termoelétrico, no entanto, já chega a 40 milhões de m³ por dia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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