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Média do mês ficou 1,55%
acima de janeiro.

Rio (AE) – O consumo de energia elétrica continua crescendo em ritmo acelerado, voltando a registrar novo recorde em fevereiro, conforme dados preliminares do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo o órgão, responsável pela coordenação da geração e transmissão de toda a energia elétrica gerada no País, a média do consumo no mês passado ficou em 46.032 MW médios, com aumento de 7,09% em relação à média de fevereiro de 2004. A média de fevereiro ficou 1,55% acima do observado em janeiro, quando a carga do sistema ficou em 45.329 MW médios.

Além da forte demanda pelo setor industrial, os técnicos que acompanham o setor apontaram razões específicas para o aumento do consumo no mês passado. O fim do horário de verão e a seca que atinge o litoral do País, com aumento da temperatura média, contribuíram para o aumento do consumo. Mas os técnicos não têm dúvidas de que a demanda ?é forte?. Isso fica evidente quando se lembra que o Carnaval ocorreu em fevereiro (tanto neste ano quanto em 2004) e, mesmo assim, o consumo continuou ascendente em relação ao mês anterior.

O forte aumento no consumo vai exigir que o governo acelere os investimentos no setor para evitar problemas no suprimento de energia a partir de 2010. Entre fevereiro de 2004 e o mês passado, o País passou a consumir mais 3.000 MW médios, o que sinaliza para a necessidade de acréscimo de mais 4.000 MW de potência a cada ano.

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Para isso, o setor terá de investir cerca de US$ 3,5 bilhões só na geração de energia, além de ampliações nos segmentos de transmissão e distribuição, o que eleva esse nível para quase o dobro, conforme os cálculos do governo.

Pelos dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), só há projetos para garantir esse consumo para os anos de 2005 (3.504 MW) e 2006 (3.986 MW), caindo para apenas 385 MW a partir de 2008. ?Os prazos estão ficando mais apertados?, comentou o diretor de uma empresa estatal, lembrando que em junho próximo o setor completará três anos sem liberação de nenhuma concessão para novas usinas.

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Movimento semelhante foi registrado após 1988, com a promulgação da Constituição, que passou a exigir o processo de licitação pública para novas concessões. Devido à mudança e ao processo de criação da Aneel, o setor ficou cinco anos sem novas autorizações, o que teria sido uma das causas do racionamento de energia em 2001.

O consumo de energia vem se acelerando desde agosto do ano passado. Naquele mês, por exemplo, o aumento foi de 7,30% em relação a agosto de 2003, de 7,85% em setembro (sobre setembro de 2003), de 3,97% em outubro, 5,21% em novembro, 5,13% em dezembro, subindo para 7,10% em janeiro e 7,09% em fevereiro passado. Tradicionalmente, o consumo de energia elétrica responde não só ao aumento da produção industrial como ao aumento da renda do consumidor.

A situação para os próximos dois ou três anos é relativamente tranqüila, devido ao excelente regime de chuvas dos últimos meses, pelos dados do ONS. Embora as chuvas tenham se mantido em nível normal em relação à série histórica, está chovendo ?certo?. Ou seja, as chuvas têm sido mais intensas nas cabeceiras dos rios, o que tem permitido o enchimento de reservatórios estratégicos, como Furnas, Serra da Mesa ou Emborcação, além de Sobradinho, no Nordeste. Caso não ocorram secas excepcionais, a situação não deverá inspirar cuidados por um período maior, abrangendo cinco a seis anos. As dúvidas, portanto, se dariam a partir de 2010.