Foto: Átila AlbertiO Estado |
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Álcool hidratado foi um dos produtos mais consumidos. |
O consumo de combustíveis líquidos registrou forte aceleração em setembro, conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), registrando recorde histórico no país. Segundo a ANP, as vendas de derivados combustíveis de petróleo pelas distribuidoras naquele mês somaram 8,303 bilhões de litros, com aumento de 7,73% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Os dados de setembro foram puxados, principalmente, pelo óleo combustível e álcool hidratado, ambos com crescimento próximos a 20% na comparação com setembro de 2005. No caso do álcool hidratado, o forte crescimento tem sido uma constante desde o início do ano, mas no caso do óleo combustível houve a inversão da curva. O consumo desse combustível vinha em queda já há dois anos, com substituição pelo gás natural, mas, em agosto, a ANP registrou acréscimo de 8,22% em relação a igual período do ano passado, e, em setembro, teve um salto de 19,46% sobre setembro de 2005.
No acumulado do ano, porém, mesmo com a reação dos dois últimos meses, o consumo deste ano ainda está abaixo do observado nos nove primeiros meses do ano passado. O consumo de álcool hidratado atingiu 519,4 milhões de litros em setembro, registrando novo recorde e ultrapassando os 509 milhões observados em dezembro do ano passado. A variação em relação a setembro de 2005 atingiu 17,92% e o acumulado no ano registra aumento de 22,64% em relação aos primeiros nove meses de 2005. O comportamento deste ano tem sido facilitado pelos preços mais baixos do combustível para o consumidor final.
Diesel
O óleo diesel, que é o combustível de maior peso dentre os oito apontados pela ANP, também registrou forte aumento em setembro, com o consumo atingindo 3,666 bilhões de litros, o maior já registrado na série da ANP, superando os 3,638 bilhões de agosto do ano passado. Ao lado do óleo combustível, o diesel é utilizado no setor industrial e também na geração elétrica. Devido às dificuldades de acesso ao gás natural, a tendência é ampliação do uso do óleo combustível para essa finalidade.
A gasolina C (que tem participação de 20% de álcool anidro), registrou aumento de 3,22% no intervalo de 12 meses (sobre setembro de 2005), elevando o acumulado no ano para 1,39%. Em setembro, o consumo atingiu 2,047 bilhões de litros, ficando ligeiramente abaixo dos 2,072 bilhões observados em agosto. O querosene de aviação contabilizou volume comercializado de 519 milhões de litros em setembro, com aumento de 39,98% na comparação com setembro de 2005 e bem acima do observado no mês anterior (agosto), quando atingiu 434 milhões de litros.
No acumulado do ano, a variação atingiu 8,17%, pelos dados da ANP. O consumo de GLP, mais conhecido como gás de cozinha, continua com crescimento apenas residual. Em setembro, foi registrado o consumo equivalente a 995,7 milhões de litros, caindo abaixo da casa de 1 bilhão mensal, após quatro meses nesse patamar.
Preço do álcool pode baixar para o consumidor
São Paulo (AE) – O preço do álcool combustível ao consumidor deve cair se distribuidoras e postos repassarem as reduções conseguidas junto a algumas usinas nesta semana. Apesar de haver pressão da demanda, em virtude do aumento de 20% para 23% na mistura do álcool anidro à gasolina a partir da próxima segunda-feira, as usinas do centro-sul do Brasil estão com os estoques altos, mesmo com o fim do processamento da safra de cana-de-açúcar.
Com isso, de acordo com Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), muitas unidades escoam o álcool anidro e o hidratado por um preço mais baixo por falta de capacidade de armazenamento da produção. ?O preço se manteve estável nas últimas semanas nas usinas, mas o excesso de produto, com o álcool saindo pelo ladrão nas usinas, tem trazido preços melhores para as distribuidoras?, afirmou o vice-presidente executivo do Sindicom Alísio Vaz.
A estabilidade é confirmada pelo indicador semanal de preços para o álcool do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Há sete semanas, o preço do anidro está entre R$ 0,86 e R$ 0,87 o litro e há dez semanas o preço do litro do hidratado varia entre R$ 0,75 e 0,76 nas usinas paulistas.
De acordo com a entidade, o litro do anidro foi negociado nas unidades produtoras na última semana a R$ 0,86342, queda de 0 09% ante os R$ 0,86419 da semana anterior. Já o preço do hidratado recuou o mesmo porcentual na semana, de R$ 0,75923 para R$ 0,75851. No mercado, estima-se que as unidades produtoras tenham um estoque em torno de 5 bilhões de litros de álcool, o que daria para suportar, com tranqüilidade, o período de entressafra na cana, entre dezembro e abril de 2007.
A União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica) informou o processamento da cana-de-açúcar até 1.º de novembro totalizou 334,81 milhões de toneladas, 90% das cerca de 372 milhões de toneladas previstas para serem moídas na safra 2006/2007. ?Uma recuperação do preço deve ocorrer quando a safra acabar e os agentes avaliarem qual o tamanho real do mercado?, afirmou o consultor Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool. A Unica informou que até 1.º de novembro 40 das 220 usinas do centro-sul do Brasil já haviam encerrado a moagem.
Ainda de acordo com a entidade, a produção de álcool total já atingiu 14,27 bilhões de litros, 10,5% superior aos 12,91 bilhões de litros de igual período da safra 205/06. Enquanto a produção de álcool anidro permaneceu praticamente estável, passando de 6,69 bilhões para 6,71 bilhões de litros, a de álcool hidratado teve aumento de 21,4%, de 6,22 bilhões para 7,56 bilhões de litros se comparados os mesmos períodos.
