São Paulo (AE) – O consumo de energia no sistema interligado do País cresceu 7,1% no primeiro quadrimestre do ano, superando em 1 ponto percentual as expectativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). De acordo com o diretor-geral do ONS, Mário Santos, esse incremento foi influenciado fortemente pelas altas temperaturas, principalmente em abril.
Apesar do aumento do consumo verificado este ano, o diretor-geral do ONS disse que o órgão mantém a expectativa de que o fornecimento está garantido até 2008, considerando as taxas normais de risco do setor. Fontes que acompanham a operação do sistema interligado já trabalham com a possibilidade de essa garantia estender-se a 2009, graças a providências tomadas pelo governo federal, como a obtenção da licença ambiental para o projeto da hidrelétrica de Estreito, com cerca de 1.000 megawatts (MW) de capacidade de geração.
?Tivemos um mês de abril muito quente?, disse Santos. Segundo ele, a expectativa era de um aumento do consumo de 5,4%, na comparação com o mesmo mês de 2004. O crescimento apurado no mês passado, contudo, foi de 7,3%. De acordo com Santos, o consumo cresceu 7,4% no sistema interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste, muito acima dos 4,9% esperados para o mês. No sistema Norte/Nordeste, o crescimento foi de 7%, 0,2 ponto percentual inferior ao previsto pelo órgão.
No acumulado do ano, o crescimento do consumo no sistema interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste foi de 6,7%, superando as previsões do ONS, de aumento de 5,4% no período. No Norte/Nordeste, o crescimento apurado foi de 8,5% no período, inferior à previsão de 8,7% feita pelo ONS para o período.
Diante do comportamento verificado no primeiro quadrimestre, o ONS considera possível um desvio para cima de 1 ponto percentual no consumo do ano, em relação à previsão de crescimento de 5,9% traçada pelo órgão. ?Precisamos esperar para ver se essa tendência ao incremento prevalecerá?, disse.
Santos lembrou que tradicionalmente ocorre um arrefecimento a partir de maio. O consumo volta a crescer no período de setembro a novembro, refletindo o aumento do ritmo da atividade industrial visando ao atendimento das encomendas de fim de ano. Para esse período, o ONS prevê um pico de consumo de 47,3 mil megawatts (MW) médios, acima dos 45 mil MW médios registrado no mesmo período de 2004.
Santos disse que não é possível verificar, na elevação de consumo verificada até o momento, a participação da indústria. No ano passado, o crescimento do consumo industrial puxou, em vários pontos do País, uma recuperação das vendas das concessionárias. O ONS, explicou Santos, faz uma leitura ?em grosso? do consumo nas próprias usinas geradoras.