Sem inflação?

Consumidores sentem no bolso alta de preços nos mercados

 

A reclamação é geral quando o assunto é a evolução do gasto no supermercado. Independente do local em que se realiza a compra, a sensação é que parte cada vez maior da renda familiar é deixada nesses estabelecimentos. Mas os especialistas discordam que o problema esteja apenas na inflação dos alimentos, já que o poder aquisitivo acompanhou essa evolução nos preços. Eles dizem que a origem do problema está no aprimoramento das escolhas do que vão para o carrinho.

“O que antes eu carregava no carrinho, hoje levo na mão”, avalia a cuidadora Tereza Barbosa. Para abastecer a casa com frutas, verduras, leite e carne, gasta perto de R$ 600 mensais. A bióloga Lucimar Barros passou a comprometer quase 50% do orçamento para suprir as necessidades da sua família, formada por dois adultos e duas crianças. “Meus filhos adoram salada e com a disparada de certos itens, alguns produtos deixaram de ser tão presentes na mesa. Meu filho disse que tomate é comida de rei”, revela.

Básicos

Mesmo aqueles que contam com benefícios, como o vale-refeição, notam a diferença. “Há alguns anos o vale cobria todas as despesas de supermercados, agora sempre temos que complementar com salário”, afirma a empresária Cristiane Zwaricz de Azevedo. Segundo ela, foi no consumo de produtos “básicos”, como leite, carne, feijão e verduras, que percebeu as maiores altas.

O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Fabiano Camargo da Silva defende que “não houve queda no poder aquisitivo já que nos últimos anos os salários subiram bem mais que a inflação, fruto do crescimento econômico, formalização do emprego, avanço da renda ganhos reais nas negociações, avanço do salário mínimo e mercado de trabalho aquecido”.

Supérfluos nos gastos

A diretora do setor de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Paula Mussi Cherubim, explica que o cruzamento dos indicadores macroeconômicos não dá conta de refletir a percepção do consumidor. “A inflação aumentou, mas o salário acompanhou, só que essa sensação de menor poder de compra do consumidor que vai ao mercado não é mensurada. O peso do endividamento está impedindo que as pessoas levem com a mesma frequência itens supérfluos incorporados ao gastos de supermercado com essa evolução do poder aquisitivo”, explica.

Fazer compras pela internet ou procurar estabelecimentos que, na média, apresentam valores mais baratos são maneiras de economizar. “Pela internet, reduz o risco de comprar por impulso. Já a escolha do local de compra interfere diretamente no preço. O brócolis que custa R$ 6 em mercado chique sai por R$ 1,50 no sacolão”, orienta.

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