Profissionais, mídia, agências de propaganda e clientes devem ter com os consumidores populares os mesmos cuidados que têm com os consumidores de luxo. A análise foi feita pelo diretor de marketing de produtos da Losango, Marcelo Velloso, ao apresentar o case ?Marketing para as classes populares?. Marcelo foi um dos participantes do II Fórum de Marketing de Curitiba, realizado pelo Centro Universitário Positivo (UnicenP), com promoção de O Estado do Paraná, e que reuniu 12 importantes especialistas do marketing nos dois dias de evento, encerrado ontem.
Segundo Velloso, existe uma demanda reprimida gigantesca na classe popular e isto não é levado em conta pelos profissionais que atuam em marketing. ?A oferta de crédito para esta classe tem crescido em média 25% ao ano nos últimos cinco anos. Isto é pouco perto da vontade maior que o consumidor popular tem de acessar os produtos de luxo?, explicou. Para ele, o mercado deve avaliar e identificar as reivindicações da classe popular no que diz respeito a consumo e desenvolver produtos adequados ao bolso do cliente.
Burguer King
Segunda maior cadeia de hambúrgueres no mundo, a Burguer King chega a Curitiba até o final deste ano, através de três investidores locais. O objetivo do grupo é abrir 15 lojas em todo o Paraná nos próximos cinco anos. A novidade foi divulgada ontem pelo diretor de marketing da Burguer King no Brasil, Afonso Braga, outro participante do Fórum de Marketing, com a palestra ?A construção de uma grande marca internacional no Brasil?.
?Antes de o Burguer King se instalar no Brasil, fizemos uma pesquisa de mercado e verificamos que apenas 10% a 12% conhecia a marca. Ou seja, quase nada?, apontou Braga. Presente em mais de 65 países, a cadeia de fast-food demorou para chegar ao mercado brasileiro – o que ocorreu apenas em 2004. Segundo Braga, o cenário político e econômico do País dificultou a vinda do Burguer King, mas nos bastidores dos negócios a informação era que havia uma grande pressão por parte da líder de mercado no sentido de dificultar a entrada da concorrente em terras brasileiras. ?O franqueado de São Paulo (grupo BGK do Brasil) já estava de olho na marca há mais de dez anos?, contou Braga.
Sobre a estratégia de marketing, Afonso Braga contou que usou na publicidade a marca concorrente como referencial, através de mensagens diretas como ?a democracia do hambúrguer chegou.? ?Fizemos algo para os consumidores perceberem claramente que chegou alguém para brigar com o líder?, apontou Braga, referindo-se ao Mc Donald?s. O investimento da rede também foi pesado no primeiro ano: cerca de US$ 1,5 milhão em publicidade para a chegada da marca ao País.
Com 15 lojas espalhadas em São Paulo (10), Brasília (2), Belo Horizonte (2) e Salvador (1), a Burguer King tem investido especialmente em outdoors próximos aos estabelecimentos, além de busdoor (propaganda no ônibus) e pouco em mídia eletrônica, como televisão. ?A mídia de TV, além do custo elevado, é uma mídia de dispersão. Ou seja, as pessoas iriam procurar (uma loja) e não achar.?
?Consumidor mudou?
Para o especialista em marketing promocional, Fernando Figueiredo, da Bullet, o consumidor mudou, e o profissional do setor precisa estar atento a essas mudanças. ?O que um estudante está aprendendo hoje na faculdade talvez já esteja ultrapassado?, alertou.
Segundo ele, o excesso de informações – com o advento da TV a cabo, celular, internet, e-mails – está formando um novo conceito dentro do marketing. ?Antigamente, o único entretenimento em casa era a TV. Hoje não existe mais isso. O consumidor se ?conectou?, e não adianta mais concentrar esforços em um único veículo?, apontou ele.
Outra mudança, de acordo com Figueiredo, está na antiga classificação do público, como sexo feminino ou masculino, classe social, idade. ?O novo consumidor tem de 8 a 90 anos. Ou seja, o que se analisa agora é o hábito e como interagir com esse consumidor.?