Arquivo/O Estado |
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Tudo é chocolate: produtos extremamente diferenciados ditam o comércio da Páscoa deste ano. |
Foi se o tempo em que as super promoções de Páscoa começavam na própria data ou no dia seguinte a ela com o único intuito de liquidar estoques, por vezes, formados por ovos quebrados. Preços até 40% abaixo do praticado ou produtos extremamente diferenciados ditam o comércio de chocolates deste ano e, como resultado, comerciantes e consumidores se mostram cada vez preparados para a temporada das doces negociações.
“Estamos no terceiro ano de Oferta Maluca e nos espantamos como nesta Páscoa houve uma antecipação de compra surpreendente com a promoção. O movimento das últimas semanas superou a movimentação que presenciamos no pós-Páscoa, quando o consumidor vem aproveitar a queda nos preços”, explica o gerente do supermercado Extra do Alto da XV, Adnan Rodrigues.
“Nesta semana, no dia em que a oferta foi o Ouro Branco número 20 foi de R$ 29,90 para R$ 19,90, as vendas do dia foram 263% acima da média da temporada de Páscoa “, exemplifica Rodrigues, acrescentando que além da ofertada, a disputa entre os fabricantes tem impactado no preços do demais produtos. “Para ficarem mais competitivos, os fornecedores, todo dia, remarcam as mercadorias”, afirma.
Ele conta que na comparação com o mesmo período em 2010, as vendas de ovos do estabelecimento já cresceram em 43% e, nos demais setores, em 20%. “Além da campanha para a Páscoa, realizamos ofertas e vantagens diariamente e o consumidor tem respondido muito bem. Alguns, inclusive, migram do ovo para a compra de outros tipos de presentes como brinquedos, bicicletas, eletrodomésticos, entre outros”, aponta.
É o caso da dona de casa Sônia Rezende que preferiu presentear os netos com brinquedos e bombons ao invés dos ovos com brinquedos. “Esses são os ovos mais caros e, alguns deles, estão com preços abusivos. Com o valor de um ovo, comprei quase dois quilos de bacalhau e já posso incrementar o almoço da Páscoa”, compara. Outra estratégia para fazer render o dinheiro nesta Páscoa, que Sônia tem empregado, é escolher produtos relacionados a Páscoa, como colombas, para presentear.
“Tudo está caro e toda vez que vou ao supermercado vejo novos reajustes, por isso o caminho é inovar na Páscoa”, analisa.
Investir no almoço da Sexta-feira Santa e do domingo de Páscoa também é o caminho trilhado pela dona de casa Emilia Bobuniak Marchiotti. “São dez pessoas na minha família e de criança só tenho uma netinha de sete anos, para quem comprei dois ovos. Os demais vão ganhar bombons e os almoços”, explica. “Optei por fazer uma bacalhoada na sexta e um bom churrasco no domingo”, acrescenta.
Festa do chocolate
Há aqueles que sucumbem integralmente à beleza das embalagens e novidades preparadas pelos fabricantes. “Não tem como resistir é a época com mais variedade de chocolates, sabores e embalagens. Sem contar com a expectativa sobre o que cada ovo traz dentro”, aponta o assistente administrativo, Tiago Henrique de Almeida. Ele junto com a mãe, a auxiliar de serviços gerais Maria Madalena de Almeida, pretendem gastar entre R$ 200 e R$ 250 nesta Páscoa. “São oito pessoas e todas gostam desta data. Para atender a todos, talvez eu tenha que escolher um ovo menor, mas não abro mão da qualidade, pois não compensa dar um produto de qualidade duvidosa”, avalia Maria.
O casal Marta de Sousa e Fábio Apparecido de Oliveira, um pouco mais comedidos, planeja gastar R$ 150 na compra dos ovos. “Não trouxemos nossos dois filhos para evitar extrapolar. Mas não tem como deixar de consumir nesta época do ano”, acredita Marta. “Eu tenho diabetes, mas abro uma exceção nesta época tamanha é a beleza dos enfeites criados para os ovos”, revela Fábio.
Preços de 2010
Beleza e um tratamento artesanal são as receitadas da Icab Chocolates, que desde 1930, oferece produtos como biscoitos, chocolates e bombons e tem na Páscoa a principal data do ano. “É uma época especial para o nosso negócio, aproximadamente 40% do nosso faturamento anual ocorre na Páscoa”, estima o diretor da Icab, Luigi Muffone.
Neste ano, além de oito lançamentos feitos para a data, a empresa decidiu não repassar a alta nos custos de produção, sobretudo da principal matéria-prima, o cacau. “Em média, aumentou em 10% os nossos custos, mas preferimos não repassar para o cliente e apostar no aumento do volume das vendas”, aponta Muffone. A Páscoa deste ano tem um sabor especial para a empresa curitibana que abriu neste mês uma loja na capital paulista.
“Agora são seis lojas em Curitiba e uma em São Paulo. Isso é um passo muito importante para a expansão da Icab”. Para atender a demanda sazonal a Icab aumentou em 20% a produção, uma vez que a expectativa é vender 15% a mais do que em 2010. “Apesar do crescimento seguimos dentro do nosso grande diferencial que é a produção manual. Fazemos um por um, e isso impede que haja dois produtos exatamente iguais na Icab”.