De janeiro a julho de 2003, houve um crescimento recorde do número de regularizações de pendências financeiras de pessoas físicas e jurídicas, em relação ao mesmo período de 2002. O levantamento é da Serasa, revelando que, de cada cem incluídos como inadimplentes até julho, 73 deixaram a base de dados de registro de não-pagamento, regularizando as pendências financeiras. No ano passado, no mesmo período, de cada cem, apenas 45 regularizaram a sua situação.
Os dados divulgados ontem mostram, de acordo com o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, que o consumidor priorizou o pagamento e a renegociação de suas dívidas junto aos credores, apesar do crescimento da inadimplência em 2003.
Segundo ele, essa atitude do consumidor, coerente com a baixa atividade econômica, com o alto desemprego e com a queda da renda, que inclusive caracterizou o reduzido consumo nas datas festivas do comércio – Dia das Mães, dos Namorados e dos Pais – favoreceu o registro de recorde de pessoas que conseguiram regularizar suas pendências entre janeiro a julho deste ano.
Com isso, avalia ele, o consumidor deve chegar menos endividado ao Dia das Crianças e ao Natal. Almeida acrescentou ainda que o ritmo de crescimento da inadimplência também já vem diminuindo.
– Temos uma boa notícia, que é a regularização de pendências. Mas, por outro lado, tivemos um mau desenvolvimento do comércio o ano todo. Agora o consumidor está menos endividado para o Natal e o dia das Crianças, que será um grande termômetro da intenção de compra do consumidor – declarou.
Mesmo com a regularização de boa parte das pendências dos que ficaram inadimplentes neste ano, a Serasa tem hoje cerca de 21 milhões de pessoas físicas e jurídicas com anotações de não-pagamento, de cheques sem fundos e títulos protestados, entre outros. Se não tivesse havido a regularização recorde de pendências de janeiro a julho, esse número de inadimplentes seria muito maior.
Almeida alerta que o comerciante deve ficar atento ao conceder crédito neste final de ano, para evitar o aumento da inadimplência novamente, como ocorreu em função dos prazos alongados no fim do ano passado.
– O comércio já está alongando prazos novamente. Fica a recomendação de que o crédito seja bem concedido, pois, pela política atual do governo, não há perspectiva de recuperação da renda do consumidor – afirmou Almeida.
Os picos de regularização de pendências em 2003 ocorreram nos meses de janeiro e julho. A pesquisa revela ainda que em julho de 2003 a maioria das anotações no cadastro de inadimplência é de cheques sem fundos (54%). Segundo o estudo, 21% das anotações se referem a dívidas no sistema financeiro (bancos), 15% protestos, e 9% cartões de crédito e financeiras.