PÉSSIMO SINAL

Consumidor de baixa renda está sem dinheiro para compras de mercado

O consumidor brasileiro de baixa renda está começando a ficar sem dinheiro para cobrir os cheques emitidos para pagar suas despesas com alimentação. Os indicadores dessa situação aparecem na pesquisa Perfil do Inadimplente, realizada nos meses de julho e agosto pela TeleCheque®, empresa especializada em análise de crédito em pagamentos com cheques.

“Quando o consumidor tem dificuldade para honrar o cheque das compras mensais com alimentação, é sinal de que a economia pode estar em situação pior do que aparenta”, observa o presidente da empresa, José Antônio Praxedes. “Despesa com alimentação é item de primeira necessidade, que se repete todos os meses. Se a pessoa deixou de cobrir o cheque do supermercado, assumindo o risco de perder o crédito – e portanto comprometendo a alimentação do próximo mês –, é porque sua situação financeira já está muito comprometida”, pondera.

Nas respostas dadas durante a pesquisa, cobrindo os meses de julho e agosto, as despesas com alimentação representaram 18% dos cheques não honrados. Um ano atrás, representavam 10,1% do total, ou seja, um aumento de 78%.

A alta de preços dos alimentos, superior aos reajustes de salários, combinada com o comprometimento do orçamento familiar por financiamentos ou empréstimos estimulados pelo crédito fácil, podem estar provocando descontrole nas finanças familiares, e isso se reflete no perfil da inadimplência dos pagamentos com cheques.

Outros indicadores da pesquisa reforçam essa suposição. A inadimplência foi maior entre os casados (48%) e com rendimentos entre R$ 511,00 e R$ 1.020,00 (23%). Do total de cheques não honrados, 35% têm valor entre R$ 50,01 e R$ 199,99, faixa típica das despesas com alimentação.

Além de alimentação, outros itens de relevância pagos com cheques ainda não cobertos foram vestuário (16%), acessórios automotivos (13%) e calçados (9%). O principal motivo de inadimplência declarado na pesquisa foi o descontrole financeiro: 39% das pessoas deram essa resposta, o que representa um aumento de 14,3% na comparação com o mesmo período de 2010, quando o descontrole representava 34,2% das respostas. O segundo grande motivo foi “emprestar o nome”, com 14% das respostas. “Esses resultados mostram que parte da população vem tendo problemas com seu planejamento financeiro e a volta do hábito de financiar compras para terceiros demonstra que estamos tendo um aumento nas pessoas que vem perdendo seu acesso ao mercado de crédito”, conclui Praxedes. 

As informações são da Telecheque®.

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