Consultoria vê ‘contas correntes fora da curva’ em junho

O economista da Rosenberg & Associados Rafael Bistafa disse nesta terça-feira, 23, que, apesar da redução do déficit em contas correntes em junho, o resultado é um “ponto fora da curva” em relação à tendência que se observa desde novembro. Ele citou que o déficit acumulado em 12 meses girava em torno de US$ 52 bilhões em novembro do ano passado e atingiu US$ 72,465 bilhões em junho.

“A conta aumentou US$ 20 bilhões em questão de um semestre. A melhora em junho não inverte a tendência de aprofundamento do déficit em transações correntes e de leve estabilidade do Investimento Estrangeiro Direto (IED) em nível elevado, mas já não suficiente para cobrir todo o déficit em transações correntes”, disse Bistafa. A Rosenberg espera que o saldo negativo fique em US$ 80 bilhões até o fim do ano.

O Banco Central (BC) divulgou mais cedo que o déficit em transações correntes do País somou US$ 3,953 bilhões em junho. O resultado ficou abaixo do intervalo previsto, segundo levantamento do AE Projeções, que apontava déficit entre US$ 4,2 bilhões e US$ 6,1 bilhões.

A estimativa da Rosenberg era de que o déficit em transações correntes ficasse em US$ 4,7 bilhões. O resultado menor divulgado pelo BC ocorreu, segundo Bistafa, porque a balança comercial registrou forte superávit em junho, de US$ 2,3 bilhões. “Para se ter ideia, em junho de 2012 o superávit havia sido de US$ 800 milhões.”

O economista afirmou que o saldo de US$ 2,3 bilhões da balança comercial foi inflado pela exportação de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,6 bilhão. “Além disso, houve queda de 37,9% em junho, ante junho de 2012, nas importações de combustíveis e lubrificantes, principal item da pauta de importação brasileira.”

Como pontos negativos, Bistafa destacou a forte queda na despesa de aluguel de equipamentos, dentro da conta de serviços. A baixa foi de 33% em junho ante o mesmo mês do ano passado. “Não é um bom indicativo para o investimento doméstico nem para a perspectiva de crescimento econômico.”

Ele afirmou que, apesar de junho ter apresentado volatilidade expressiva nos mercados internacionais, com depreciação do câmbio, a rubrica viagens internacionais manteve o comportamento e registrou aumento de 21% em junho frente junho de 2012. “Para o próximo semestre, o dólar mais apreciado tende a diminuir o ímpeto de o pessoal viajar, mas junho ainda foi bastante forte.”

Bistafa também destacou como ponto negativo a taxa de 71% de rolagem das dívidas de empresas públicas e privadas. “Desde abril de 2012, a taxa não caía abaixo de 100%”, salientou. Segundo ele, o resultado está ligado à volatilidade do cenário internacional. “É preciso acompanhar para ver se a taxa de rolagem vai ficar abaixo de 100% nas próximas leituras. Se continuar, acende o sinal amarelo nas perspectivas de financiamento do balanço de pagamentos.” No entanto, o economista acredita que a taxa tende ultrapassar 100% à medida que os mercados se acalmem.

IED

De acordo com o BC, o IED somou US$ 7,170 bilhões em junho, resultado acima dos US$ 5,822 bilhões no mesmo período do ano passado. Os aportes externos voltados ao investimento produtivo ficaram acima das estimativas do mercado financeiro colhidas pelo AE Projeções, que iam de US$ 2 bilhões a US$ 6 bilhões.

Bistafa disse que a “surpresa positiva” ocorreu porque houve uma operação única de US$ 1,3 bilhão com recursos vindos do Chile para o setor de transporte. “Fora isso, a entrada de investimento continua estável em relação ao mesmo período do ano passado, mas em nível elevado.” Ele frisou que a entrada de IED foi bastante dispersa entre os países que investem no Brasil. “Além disso, não teve nenhum setor específico que recebeu um maior investimento.”

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna