O déficit em conta corrente do Brasil vai dobrar em 2010, deixando o País muito mais vulnerável às condições de financiamento externo. Essa é a previsão da consultoria Roubini Global Economics (RGE), do economista Nouriel Roubini, um dos poucos que previram a crise financeira mundial.
Bertrand Delgado, economista da RGE responsável pela América Latina, prevê que o déficit vai passar do 1,55% atual para 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim deste ano. “Não teremos risco de problema de balanço de pagamentos, mas a economia brasileira vai ficar muito mais sensível às condições de financiamento externo e ao apetite por risco global”, disse.
O déficit em conta corrente vai se ampliar porque a demanda doméstica vai se recuperar bem mais rápido que a externa e, por isso, haverá maior crescimento das importações do que das exportações. Segundo a RGE, o Brasil vai crescer 5,3% em 2010, bem acima de seu potencial, estimado em 3,5% a 4%. O crescimento será estimulado pela política macroeconômica “frouxa” do ano eleitoral.
Segundo Delgado, o investimento estrangeiro direto (IED) não será suficiente para financiar o déficit em conta corrente e o País dependerá de investimentos externos. “Estamos preocupados com essa situação, porque ela expõe o País às condições externas de financiamento mais do que o Brasil deveria ser exposto.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.