As construtoras aprovaram a decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional), que elevou a meta dos bancos para expansão do crédito imobiliário para 50% no segundo semestre em relação ao mesmo período do ano passado. A meta, que havia sido fixada em 30% no primeiro semestre, foi mais tarde elevada para 45% no segundo trimestre. Com a mudança, espera-se por uma expansão de R$ 842 milhões na oferta de crédito imobiliário no segundo semestre – que deve saltar de R$ 1,684 bilhão para R$ 2,526 bilhões.
Para o vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Roberto Kauffmann, o CMM superou o acordo que havia sido previamente acertado com o setor. ?Havíamos pedido para o CMN fixar uma meta de 45% para todo o segundo semestre. Com a elevação da meta para 45%, o CMN mais que cumpriu o acordo?, disse.
Os bancos destinaram R$ 2,038 bilhões para operações de crédito imobiliário nos seis primeiros meses do ano, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Esse montante representou um incremento de 54,88% em relação ao primeiro semestre de 2004.
No ano passado, os bancos direcionaram R$ 3,060 bilhões para o financiamento imobiliário. Foi o melhor resultado da década. Para 2005, a Abecip estimava, antes da decisão de ontem do CMN, que os bancos conseguissem contratar R$ 4 bilhões em operações de crédito imobiliário – um acréscimo de 30% frente a 2004.
Kauffmann, da CBIC, disse que com a elevação da meta de expansão do crédito para 50%, o mercado deve fechar o ano com a concessão de R$ 4,5 bilhões em empréstimos para a habitação.
No entanto, ele admite que para atingir a meta o setor precisará ampliar a oferta de imóveis para a classe média – até R$ 150 mil.
Mais dinheiro
Kauffmann afirmou que as operações de crédito com recursos da poupança podem superar a casa dos R$ 4,5 bilhões neste ano. Para isso, ele propõe a aprovação de novas linhas de crédito.
Entre as propostas de Kauf-fmann está a criação de uma linha de crédito para empresas financiarem a construção de moradia para seus funcionários. Outra idéia é criar um programa de crédito para a reforma de imóveis comerciais.
Segundo ele, a criação de linhas de crédito como essas poderia elevar a concessão de recursos para a habitação para R$ 7 bilhões ainda em 2005.
Pela lei, os bancos são obrigados a aplicar pelo menos 65% do dinheiro captado nas cadernetas em créditos habitacionais. Se essa regra fosse cumprida ao pé da letra, os bancos teriam de emprestar neste ano R$ 12 bilhões para a habitação.
No entanto, o setor financeiro alegou que seria impossível colocar esse montante no mercado neste ano. Para equilibrar a situação, o CMN passou a trabalhar com metas de expansão de crédito, que levam em consideração o resultado do ano anterior.
Baixa renda
O CMN manteve o estímulo para que as instituições financeiras concedam mais empréstimos com juros mais baixos, de preferência, para a baixa renda. Se os bancos cobrarem uma taxa de 9% ao ano, por exemplo, – em vez dos 12% do teto previsto pela legislação – poderão contabilizar os créditos concedidos multiplicados por três para efeitos do enquadramento nas exigências estabelecidas pelo CMN.