O baixo crescimento do emprego na construção civil em abril e a piora na percepção da economia brasileira fizeram o Sindicato da Indústria e da Construção Civil de São Paulo (SindusCon-SP) revisar de 2,8% para a faixa de 1% a 2% o PIB do setor em 2014. De acordo com pesquisa do sindicato com a Fundação Getulio Vargas (FGV), as vagas aumentaram 0,14% em abril em relação a março, o equivalente a 5 mil novos contratados.
O número representa uma estabilização e reforça a tendência de desaceleração atingida em março, quando houve queda de 0,10% nas contratações, em comparação com fevereiro. No ano, o indicador de emprego teve alta de 1,32%, com saldo positivo de 45,6 mil entre contratações e demissões.
Para o presidente do sindicato, Sergio Watanabe, os indicadores evidenciam a queda de ritmo no setor. “A construção civil não teve força para recuperar o desempenho do começo do ano”, afirma. Após 2013, em que o crescimento do emprego teve o pior desempenho anual da série história, com 1% de aumento de vagas, a expectativa era de recuperação no início de 2014. Em janeiro e fevereiro, os índices foram positivos, mas em março houve queda nos postos de trabalho e em abril, estabilização.
Além da retração nos empregos, indicadores de consumo e confiança têm reforçado as baixas perspectivas, o que pode adiar novas obras. A queda no Índice de Confiança da Construção Civil e a expectativa de baixo crescimento do PIB, em torno de 1,6%, reforçam a tendência de um ano fraco.
Para o economista Robson Gonçalves, da FGV, o cenário é resultado de uma combinação de expectativas frustradas nos investimentos de infraestrutura com uma acomodação nas vendas de imóveis, estimuladas pelo crédito desde 2010. Ele afirma que, para que haja crescimento sustentável em 2015, é necessário aumento da produtividade pela industrialização dos canteiros de obra. “Chegamos no limite de um crescimento puxado por demanda. Precisamos de crescimento puxado por produtividade”, diz.