Construção quer mais recursos para o setor

A indústria da construção civil defende a criação de programas que incentivem a produção de novas unidades habitacionais, pois a maior parte dos financiamentos imobiliários vai para a aquisição de imóveis usados e reformas em patrimônios. Esta é a posição do vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. Ele participou ontem, em Curitiba, de um painel sobre financiamento imobiliário promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) do Paraná. O evento reuniu construtores, líderes empresariais e agentes financeiros.

Martins diz que o estímulo da produção passa pelo crescimento do financiamento imobiliário. As novas unidades habitacionais são uma pequena parcela diante dos recursos desta área. Ele cita que, no ano passado, foram financiadas 60 mil novas unidades. Foram 70 mil financiamentos de imóveis usados e 140 mil atendimentos habitacionais, que compreendem a compra de material para reformas. ?Tudo isso entra como financiamento imobiliário, mas não resolve o problema do déficit habitacional, que chega a 7,9 milhões de unidades?, afirma.

O gerente de Produtos da Gerência Nacional de Crédito Imobiliário da Caixa Econômica Federal, Alexandre Freire, explica que 60% dos recursos dos financiamentos vão para a produção; o restante fica com os imóveis usados. Para ele, a maior parte da população que já possui um imóvel precisa vendê-lo para conseguir comprar outro maior ou melhor. ?O imóvel usado é importante para dar fluidez ao mercado?, opina.

A Caixa Econômica Federal deverá receber, este ano, R$ 10,5 bilhões de recursos destinados à habitação. Em 2004, o valor foi de R$ 6 bilhões e, no ano passado, R$ 9 bilhões. ?Isto reflete diretamente no desempenho da construção civil. No primeiro trimestre de 2006, o setor cresceu 7%. Grande volume de recursos vai diretamente à produção, tanto pessoa física quanto jurídica?, esclarece Freire.

José Carlos Martins conta que o financiamento imobiliário para habitações de mercado por caderneta de poupança, destinado principalmente à classe média, deu um grande salto nos últimos anos. No início do governo Lula, foi aprovada a Lei n.º 10.931, que regulamentou o serviço e deu mais segurança jurídica a todos os envolvidos neste processo. O financiamento com a caderneta de poupança deve atingir R$ 8,7 bilhões neste ano, contra R$ 2,2 bilhões alcançados em 2003. ?Aquilo que há quatro anos era o patinho feio, hoje passou a ser um bom negócio para todos?, comenta. Ele acredita que o procedimento para habitações de interesse social, que usam o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), deve passar pela mesma transformação.

Os juros, tão temidos pela população na hora de fazer o financiamento da casa própria, estão bem abaixo da taxa Selic, segundo Freire. Existem financiamentos, da Caixa Econômica, com 8% de juros mais TR (taxa referencial de juros) por ano para um imóvel de até R$ 72 mil reais, financiado por uma família com renda mensal de R$ 3,5 mil. ?Comparando com a Selic, a taxa é muito menor. Há ainda segmentos com juros menores por ano?, diz Freire. José Carlos Martins revela que a taxa de juros tabelada é de 12% mais TR por ano, mas agentes financeiros estão praticando juros de 7% mais TR em imóveis com valores abaixo de R$ 150 mil. 

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