Depois de quatro anos consecutivos de queda, a produção imobiliária de Curitiba está finalmente tomando fôlego e deve encerrar 2005 com crescimento. A estimativa é do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR). Com a Feira de Imóveis, que começa hoje e segue até domingo, no Estação Embratel Convention Center, a expectativa é que os números melhorem ainda mais até o final do ano.
?O ano passado foi um dos piores. Vivemos o fundo do poço?, apontou o vice-presidente do Sinduscon-PR e coordenador da área imobiliária, Erlon Rotta Ribeiro. Segundo ele, até agora três indicadores já mostram a melhora no setor. O primeiro é o de lançamentos imobiliários verticais (prédios comerciais e residenciais). Até agosto, segundo levantamento do Sinduscon-PR, houve mais lançamentos do que todo o ano passado: 1.274 unidades contra 1.196 em todo o ano de 2004. Quase 90% dos lançamentos são residenciais, com destaque para as regiões do Cabral, Juvevê e Alto da Glória (554 unidades), Ecoville, Champagnat (328) e Batel, Água Verde e Vila Isabel (280). ?A feira é um motivador de lançamentos. Algumas empresas até seguram para vir com novidades na feira?, afirmou Ribeiro. Segundo ele, a maioria dos lançamentos são apartamentos com três dormitórios.
Outro indicador positivo é com relação aos alvarás de construção. Até julho, havia 1,111 milhão de metros quadrados liberados, representando 8.292 unidades. Em 2004 inteiro, foi 1,640 milhão de metros quadrados e 8.772 unidades. ?Nossa interpretação é de que, em termos de área, os números estão se mantendo como os do ano passado. Mas em unidades, o número este ano é bem maior?, disse. Em outras palavras, os imóveis novos são menores, com maior tendência para casas e sobrados.
?Houve uma mudança de perfil do consumidor. Dada a crise econômica, muitos estão preferindo ir para os bairros periféricos, onde vão morar em casas ou sobrados com área menor?, apontou. Entre os bairros populares, destaque para o Alto Boqueirão, Bairro Alto, Sítio Cercado e, para um padrão melhor, Santa Felicidade.
O terceiro e último indicador do setor é o Índice de Velocidade de Venda de Imóveis (IVVI), que mede o percentual de vendas em relação ao estoque ofertado. Para este ano, a média esperada para imóveis residenciais é de 6,83%, com destaque para a venda de sobrados (com velocidade de 8,33%) e apartamentos de três dormitórios (velocidade de 8,87%). No topo da pirâmide social, os apartamentos com quatro dormitórios ou mais tem IVVI de 9%. ?Os que compram este tipo de imóvel são mais imunes à crise?, justificou.
R$ 50 milhões
De acordo com o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Alberto Accioly Veiga Filho, a expectativa é que a Feira de Imóveis gere negócios da ordem de R$ 50 milhões durante e após o evento, acima dos R$ 35 milhões registrados na edição anterior. ?As expectativas são muito positivas. Houve uma fase de mudanças na construção civil e a baixa da taxa de juros dá um novo ânimo ao mercado?, afirmou.
As novas linhas de financiamento de imóveis oferecidas pelos bancos, com juros mais baixos e competitivos, também contribuem. ?O mercado imobiliário é um ciclo, e está terminando finalmente um ciclo longo de baixa?, arrematou.
Pequena oferta eleva os preços dos imóveis usados
Poucas ofertas para uma grande demanda. Assim está o mercado de imóveis usados em Curitiba. Segundo o vice-presidente de comercialização imobiliária do Secovi-PR (Sindicato da Habitação no Paraná), Marcos Machado, como não está havendo uma grande produção de imóveis novos na cidade, o estoque está cada vez menor. O resultado são preços que sobem acima da inflação.
?Nesses últimos 18 meses, os preços dos terrenos subiram cerca de 20%?, apontou Machado. Segundo ele, os apartamentos com três dormitórios com valor de até R$ 100 mil são os mais procurados. ?Se for até R$ 80 mil, a procura é ainda maior?, comentou. Entre as regiões mais requisitadas estão a do Água Verde, Santa Quitéria, Vila Isabel, Juvevê, Boa Vista, entre outros.
De acordo com Machado, como não há grandes projetos em construção – e a produção demora de dois a três anos para ser concluída -, a tendência em Curitiba é que o estoque seja cada vez menor e os preços de usados se elevem mais. ?Os preços são definidos pelo mercado. Com oferta menor e demanda maior, a tendência é que subam?, arrematou. (LS)