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Constâncio, do BCE, prevê maiores incertezas após vitória de Trump nos EUA

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, avaliou hoje que a economia mundial enfrenta “um grau anormal de incerteza” após o inesperado resultado da eleição presidencial nos EUA, alertando que o aumento do protecionismo e riscos políticos na Europa podem comprometer o crescimento econômico.

Embora os investidores tenham até agora reagido de forma positiva à vitória do republicano Donald Trump, autoridades responsáveis por políticas econômicas “precisam ter cuidado para não se apressar a tirar conclusões positivas”, disse Constâncio, durante uma conferência financeira.

Desde a semana passada, as bolsas, o dólar e os juros dos Treasuries vêm subindo, em meio a expectativas de que Trump cumpra promessas de campanha de ampliar os gastos públicos, incluindo investimentos em infraestrutura.

“Até o momento, os movimentos (do mercado) indicam crescimento econômico mais forte nos EUA, mas no contexto de uma política que privilegia a América”, comentou Constâncio.

O vice do BCE também alertou que as economias da Europa, que são dependentes de exportações, poderão ser prejudicadas se os EUA tenderem a ampliar o protecionismo. Durante a campanha eleitoral, Trump indicou ser a favor de acabar com alguns acordos comerciais.

“O comércio mundial, que já está bem fraco, pode continuar a diminuir, afetando todas as economias abertas dependentes de exportações”, notou Constâncio, acrescentando que países emergentes já estão sofrendo com saídas de capitais e a desvalorização de suas moedas.

Os comentários de Constâncio indicam que o BCE poderá hesitar em reduzir ou interromper seu programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), que prevê compras mensais de 80 bilhões de euros em ativos até pelo menos março de 2017.

O BCE fará sua próxima reunião de política monetária em 8 de dezembro, quando poderá decidir o programa de QE, estimado em 1,7 trilhão de euros (US$ 1,85 trilhão).

Constâncio também apelou aos governos europeus que ajudem o BCE por meio da ampliação de gastos e implementação de reformas econômicas. Fonte: Dow Jones Newswires.

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