Aquisição de imóvel pelo sistema de consórcio tem sido cada vez mais uma opção para quem quer fugir dos juros altos cobrados nos financiamentos bancários. A carteira de cotistas do segmento pulou de 204 mil participantes em julho do ano passado para 275 mil um ano depois, um aumento de mais de 34%, diz Rodolfo Montosa, presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac).
Nos sete primeiros meses de 2005 foram comercializadas 93.057 cotas, volume 26% superior em relação às 73.941 do mesmo período de 2004. O total de participantes contemplados de janeiro a julho chegou a 18.056, número significativo se comparado com os empréstimos concedidos pelo tradicional Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com recursos da caderneta de poupança. O SFH financiou no mesmo período 30.696 unidades, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
A forte e contínua expansão do setor atraíram alguns bancos para negócios no ramo de consórcio imobiliário. O Bradesco e a Caixa Econômica Federal trabalham com esse sistema desde 2003.
Nas operações de consórcio, o participante paga a cota mensal correspondente ao valor da carta de crédito para a compra do bem dividido pelo número de meses de duração do grupo, mais a taxa de administração, o fundo de reserva e o seguro. As empresas cobram ainda uma taxa de adesão equivalente a 1% ou 2% sobre o total do crédito.
Nas empresas pesquisadas (ver quadro), a taxa de administração, que varia de 17% a 19% por todo o período de duração do grupo, é diluída na quantidade de meses do plano. Por exemplo, uma taxa de administração de 17% num consórcio de 120 meses (10 anos) será transformada em 0,14% ao mês. As parcelas pagas pelo participante e o valor da carta de crédito são corrigidos anualmente pela variação no período do índice de preços previsto em cláusula do contrato.
Em termos comparativos, os juros cobrados pelos bancos no financiamento pelo SFH chegam a 12% ao ano (210,58% capitalizados em 10 anos). A dívida é acrescida ainda de uma parcela referente ao seguro de vida. A prestação e o saldo devedor são atualizados mensalmente pelo índice que corrige o saldo da caderneta de poupança, atualmente a Taxa Referencial (TR).
Comparados os custos, não surpreende o crescente interesse das pessoas pela compra de imóvel pelo consórcio, ainda que os prazos do contrato sejam longos, o que pode ser uma dificuldade para quem paga aluguel e, ao mesmo tempo, a cota. Sem contar que esse tempo será tanto mais longo quanto maior for a demora para o cotista ser sorteado.
Para cada grupo, os consórcios fazem duas ou mais contemplações por mês, sendo uma parte por lance e outra por sorteio. Se não for proprietário de outro imóvel e estiver pretendendo comprar a casa própria, o cotista poderá oferecer o dinheiro que tiver no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como lance, desde que se enquadre nas exigências para a liberação do dinheiro. Empresas como a Porto Seguro e a Remaza oferecem algumas facilidades para quem precisa pagar a cota do consórcio e ao mesmo tempo o aluguel.
Na Caixa Consórcios, o diferencial são os sorteios mensais de R$ 10 mil, realizados entre os clientes que estiverem com a mensalidade em dia, diz o diretor Ricardo Cardoso.
Os participantes concorrem apenas nos primeiros 12 meses e, se forem sorteados, devem usar o dinheiro na quitação ou amortização do saldo devedor. (SD)