Conselho Estratégico da Fiesp é contra nova CPMF

Em reunião do Conselho Superior Estratégico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), os empresários voltaram a manifestar posicionamento contrário à recriação da CPMF e retomaram a demanda pela redução da taxa básica de juros (Selic) como forma de diminuir a atratividade do País ao capital especulativo e reduzir o gasto público.

No encontro, do qual participaram os presidentes da Fiat, Cledorvino Belini, da Embraer, Frederico Curado, da Siemens, Hermann Wever, da Nestlé, Ivan Zurita, da Coteminas, Josué Gomes da Silva, do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, da Magazine Luiza, Luiza Trajano, entre outras lideranças empresariais, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disseram ser contra qualquer tipo de aumento de imposto e afirmaram que o País precisa tomar uma decisão sobre a questão cambial, independente das discussões do G-20 em Seul.

“A verdade é que sempre a solução mais fácil, por parte do governo, é aumentar imposto”, afirmou Gerdau. Segundo ele, porém, a sociedade já se mobilizou de forma rápida para impedir a volta da CPMF. “Essa posição do empresariado foi tomada claramente e há dois princípios que nos orientam. Quando já existe uma carga tributária próxima dos 40%, para o empresariado está claro que não pode haver aumento de imposto. Não interessa qual imposto é”, disse. “O segundo ponto, e o pior, é criar um imposto antigo, que atua em cascata. O sistema brasileiro está cheio de impostos escondidos. Nós consumidores não sabemos quanto de imposto pagamos. Isso é uma não transparência que uma sociedade moderna não pode aceitar.”

Skaf cobrou transparência e simplificação do sistema tributário e voltou a dizer que vai mobilizar a sociedade caso haja insistência em recriar a CPMF. “Essa questão de criar contribuições e impostos novos nós não aceitamos em hipótese alguma. E quando falo nós é a sociedade brasileira. O que a sociedade quer é melhor qualidade e gestão dos serviços públicos”, afirmou.

“Eu já mandei um recado para aqueles que sonham com impostos: tem gente que sonha, não é o caso da presidente Dilma não, mas nós vamos fazer de tudo para que o sonho vire pesadelo, e não teremos limites para agir ou reagir a qualquer tentativa de criação de contribuição ou de impostos. Não vamos ter nenhuma cerimônia. Mas creio que isso não será necessário não, porque não acredito que haja qualquer disposição da presidente Dilma de amparar qualquer intenção de criação de novos impostos.”

O presidente da Fiesp disse que está aguardando o retorno de Dilma e do presidente Lula do exterior para pedir uma audiência para discutir o assunto. “Eu sinceramente creio que esse assunto vai sair da pauta rapidamente, mas estou inclusive esperando a presidente voltar da viagem e pretendo pedir uma audiência com ela e conversar sobre esse assunto, e também com o presidente Lula.”

Selic

Os empresários da Fiesp voltaram a pedir a redução da Selic como forma de diminuir a entrada de capital externo especulativo no País e também para reduzir os gastos correntes. “O Brasil é um dos poucos mercados que ainda está trabalhando com juro positivo”, afirmou Gerdau. “A evidência física absoluta dentro do processo de guerra cambial que existe é que o Brasil vai ter que aprender a se defender. Pode haver discussão do G-20, mas na realidade, dentro de uma forma pragmática, o Brasil vai ter que achar caminhos e como estabelecer um balanceamento nesse processo”, afirmou.

Na avaliação de Gerdau, as alternativas para evitar e diminuir a valorização do real ante o dólar são a redução da Selic e a elevação dos investimentos. “O País é nosso, dos brasileiros, e definir quantos dólares virão para cá não é Wall Street quem tem de definir, somos nós quem temos que saber se queremos mais dólares ou não”, afirmou. “Somos nós quem temos de estabelecer ou pela solução de redução de juros, uma vez que o juro é o único fator que não está definido pelo mercado, ou aumentando o superávit primário, para que haja condições de poupança mais forte e você possa estabelecer equilíbrio”, afirmou.

Para Gerdau, as notícias sobre as possíveis medidas a serem adotadas pelo governo da presidente eleita Dilma Rousseff, como um ajuste fiscal, estão nessa linha. “As primeiras notícias que vocês já veem, as declarações do ministro do Planejamento, já estão nessa linha”, afirmou. “O debate está aí. Eu diria que as evidências da necessidade de baixar os juros levam a uma política dessas e de aumentar os investimentos dentro de uma visão de gerar mais empregos estão nessa linha. Eu diria que as macropolíticas provavelmente trarão esse conceito.”

Segundo Skaf, o Brasil gasta anualmente R$ 180 bilhões no pagamento de juros, ou R$ 500 milhões por dia. “Além dessa grande despesa, os juros altos ainda atraem capital e vão na contramão da nossa competitividade.”

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