Foto: Chuniti Kawamura/O Estado

Eliana, Alexandre e Mariana: ?Testes, entrevistas e emprego garantido?.

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Ter conhecimento e experiência não basta. Para entrar no mercado de trabalho, é preciso muito mais do que isso, apesar destes serem fatores essenciais. Quem quer um emprego necessita demonstrar outras habilidades, principalmente quanto ao comportamento. Mas também não adianta mascarar a realidade. Fingir ter uma qualidade, além de ser incorreto, não garante a permanência do emprego.

Apesar de não existir uma fórmula mágica, um bom currículo, a sinceridade e valorização de pontos positivos são ótimos primeiros passos para a conquista de uma vaga no mercado de trabalho. Esta é a opinião dos estudantes Alexandre da Silva de Araújo, Mariana Gritzenco e Eliana Maciel. Os três passaram por seleções na hora de conquistar uma vaga como estagiários ou já como profissionais. E se deram bem.

Alexandre, que cursa o terceiro ano de Ciências Atuariais na Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp), trabalha em uma corretora de seguros de Curitiba. Entrou como estagiário e, depois de dois meses dentro da empresa, foi efetivado. Para entrar como estagiário, por meio de uma vaga ofertada pelo Centro Integração Empresa-Escola (Ciee), ele passou por uma acirrada seleção, com direito a dinâmica de grupo, testes de raciocínio lógico, testes e entrevistas. Antes de passar por esta e outras seleções, Alexandre procurou um curso para saber como agir nestas ocasiões. ?Nunca se deve expor o lado negativo. Saber valorizar os seus pontos positivos é muito importante. Eu já participei de várias entrevistas e as pessoas estão acostumadas a dizer o que as outras falam. Sempre a mesma coisa. Aqueles que têm um discurso diferente podem ser os escolhidos?, acredita.

A sinceridade pode contar pontos importantíssimos na hora de conquistar um emprego. Eliana Maciel, estudante do quarto ano de Comércio Exterior da Fesp, foi efetivada em uma empresa do setor em abril desde ano. Também entrou como estagiária, condição na qual permaneceu por nove meses. Até então, não tinha qualquer experiência na área. Mesmo assim, na hora da seleção, a estudante foi sincera e revelou ao empregador que queria aprender. ?O que contou para mim foi a sinceridade. Tive a chance e realmente me dediquei. Aprendi muita coisa desde que eu entrei na empresa. Fui efetivada e já estou ocupando uma outra função, na qual preciso aprender coisas novas?, comenta Eliana.

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Um bom currículo foi a porta de entrada no mercado de trabalho para a estudante Mariana Gritzenco, que cursa o quarto ano de Comércio Exterior na Fesp. Por meio de uma oferta de vagas realizada pela instituição, ela encaminhou o seu currículo para uma indústria de alimentos via e-mail, conforme solicitado pela própria empresa. ?Mas todas as empresas recebem toneladas de e-mails com currículo. Então, é preciso ter cuidado ao enviá-lo, para que chame atenção de quem vai escolher os possíveis candidatos. Acho que tem um procedimento para isto. É legal expor onde você viu a vaga, que está disponível para conversar. Não dá para mandar de qualquer jeito?, avalia.

Depois do envio do currículo, Mariana foi chamada para uma entrevista com o departamento de Recursos Humanos e, posteriormente, para outra com o seu gestor. Há um mês a estudante está como profissional contratada da empresa. ?Ser sintético, colocar todos os cursos que podem te ajudar a conseguir algo nesta área, colocar os papéis que desempenhou nas últimas empresas por onde passou e descrever as ferramentas já utilizadas por você. Tudo isso ajuda muito?, revela Mariana.

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Enfoque hoje é na questão comportamental

O empresário que precisa de um novo funcionário quer conhecer muito sobre o comportamento da pessoa que pode entrar na empresa. Muitos empregadores afirmam que, se houver lacunas no conhecimento do candidato, é possível sanar as mesmas dentro do próprio trabalho. Mas problemas de comportamento são muito mais difíceis de lidar e tratar. ?O enfoque hoje é na questão comportamental. As empresas estão atentas em como este profissional vai se adaptar com a equipe de trabalho, como vai se relacionar com os outros colegas?, explica Beatriz Denizette Kloss, consultora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), instrutora de cursos na área comportamental da instituição e assessora em uma empresa de colocação de pessoal.

A gerente de recursos humanos da Operativa Gestão de Pessoas, Anna Elisa Haj Mussi, conta que a iniciativa, a capacidade de comunicação, a pró-atividade e o relacionamento interpessoal são os pontos mais avaliados nas entrevistas e nas dinâmicas de grupo. ?Lógico que o conhecimento e a formação técnica são muito importantes, mas as empresas vêm exigindo mais das competências pessoais?, afirma.

E não adianta querer ?fingir? ter estas qualidades porque elas são facilmente percebidas no momento da seleção. ?Nós percebemos se a pessoa é inflexível, se tem dificuldades de relacionamento ou se não sabe aceitar opinião?, revela Juliana Pacheco, analista de recursos humanos da Operativa. É preciso muito cuidado para não apresentar aquilo que você não é, pois não se consegue manter esta posição por muito tempo. ?Se não tem aquilo, a pessoa não consegue permanecer no trabalho?, lembra Anna.

O nervosismo e a ansiedade exagerada também podem atrapalhar na hora de conquistar um emprego. ?A gente fica imaginando como esta pessoa se comportaria no ambiente de trabalho. Às vezes a gente não sabe o que está por trás disso, pois já se cria uma expectativa com a marcação da entrevista, principalmente quando a pessoa está há muito tempo desempregada. Tem menos dificuldade o candidato que se sente seguro sobre a sua competência?, destaca Anna.

Para evitar a ansiedade e o nervosismo no momento da seleção, muitas pessoas têm procurado cursos de preparação. Mas, acima de tudo, quem procura um emprego precisa ter em mente que estas aulas não dão garantia da conquista da vaga de trabalho. São indicações que podem ajudar nestes momentos.

De acordo com Beatriz Kloss, no momento da entrevista, é essencial manter a sinceridade, a concentração e a objetividade. E também não dá para ir com a resposta pronta para qualquer situação. Os avaliadores percebem isso claramente. Se o entrevistador faz uma pergunta sobre pontos fortes e fracos, o candidato deve mostrar quais são as áreas em que pode melhorar e o que tem feito para atingir isto.

A roupa também é um fator que é avaliado em uma seleção para emprego. ?A roupa deve ser a mais discreta possível, sem ser justa, sem transparências, sem acessórios grandes, sem maquiagem pesada ou perfume forte. Quem tem cabelo tingido não pode se descuidar neste quesito. Para os rapazes, também depende a qual cargo está se candidatando. Se for para um cargo mais alto, terno e gravata é essencial, além de estar com a barba feita?, ensina Beatriz.

Além disso tudo, é preciso evitar chicletes, não fumar antes da entrevista ou desligar o celular. Também deve-se chegar um pouco antes do horário marcado para a seleção.