Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmaram nesta quinta-feira, 26, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que “a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”. Esta avaliação já constou no comunicado da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), quando a Selic (a taxa básica de juros) foi reduzida de 6,00% para 5,50% ao ano.
A taxa estrutural é aquela que, em tese, permite o crescimento econômico sem gerar inflação.
No RTI divulgado nesta quinta-feira, o Copom também avaliou que sua decisão da semana passada “reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020”.
Energia
O Banco Central no RTI que os riscos associados aos preços de energia mostram como a inflação ao consumidor pode ser afetada de “forma rápida” e “significativa” por “fatores voláteis e pouco previsíveis a curto prazo”.
Não por acaso, conforme o regulador, a influência dos preços de combustíveis e das tarifas de energia elétrica no processo inflacionário é objeto de frequente análise em outros países, sendo um dos motivos pelos quais bancos centrais e organismos internacionais acompanham medidas de núcleo que excluem os preços mais voláteis, como é o caso do núcleo ex-food and energy, que não considera preços de alimentos e produtos energéticos.
“A análise reforça, também, a importância de se avaliar a tendência para a inflação prospectiva em todo o horizonte relevante para a condução da política monetária, valendo-se, além de projeções e expectativas para a inflação, da avaliação do balanço de riscos”, conclui o BC, no RTI.
Estímulos do exterior
O Relatório Trimestral de Inflação voltou a destacar que, no exterior, a adoção de estímulos monetários adicionais nas principais economias, “em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes”. “Entretanto, o cenário segue incerto, e os riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global permanecem”, pontuou o BC no relatório.
Ao avaliar o ritmo da economia brasileira, o BC voltou a afirmar no RTI que os indicadores divulgados desde a reunião de junho do Copom “sugerem retomada do processo de recuperação da economia brasileira”. “O cenário do Copom supõe que essa retomada ocorrerá em ritmo gradual”, ponderou o BC.
O BC voltou a pontuar ainda que as “diversas medidas de inflação subjacente se encontram em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária” – ou seja, os itens de serviços.