As novas tecnologias para digitalização das transmissões de rádio e questões de marketing, trabalhistas, de direitos autorais e de sucessão familiar nas empresas estão entre os principais assuntos que geram dúvidas e discussões entre empresários do setor de rádio e televisão paranaenses.

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É o que se conclui ao observar o programa do 20.º Congresso Paranaense de Rádio e Televisão, que começa hoje e vai até quarta-feira (12), em Foz do Iguaçu. Para ajudar a esclarecer as questões, especialistas de vários setores estão no evento, dando palestras e consultoria individual aos empreendedores.

O evento é organizado pela Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp). Segundo declarou o presidente da entidade, Cezar Telles, as dúvidas no setor não são poucas.

“Bem diferente do cenário da invenção do rádio, hoje temos muito mais perguntas do que respostas”, frisou, lembrando que, na pauta das discussões, também estão a legalidade da radiodifusão brasileira, a concorrência acirrada e as ameaças ao mercado.

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Para o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Slaviero, o Congresso da Aerp vem em boa hora. “O momento é propício para discutir o futuro destes que são os principais veículos de comunicação de massa, em especial a questão do rádio”, afirma.

Ele lembra que as emissoras radiofônicas estão passando por um momento de grande transição tecnológica, com a expectativa de definição do padrão digital que será feito pelo governo federal.

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Em outubro, vence o prazo para que os detentores dos padrões, americanos e europeus, façam suas apresentação técnicas, mercadológicas e comerciais ao governo.

“O grande diferencial do rádio digital, do ponto de vista do ouvinte, será a sensível melhora na qualidade de áudio e a capacidade das emissoras transmitirem multiprogramação e dados”, ressalta.

Outra questão importante que será abordada, para Slaviero, será a Conferência Nacional de Comunicação, que será realizada no final do ano, mas que já terá plenárias estaduais em setembro.

“A Aerp colocará os radiodifusores paranaenses a par do que está ocorrendo e como funcionarão as plenárias. A Associação, ao realizar eventos como este, cumpre uma das suas principais funções associativas, que é trazer os assuntos relevantes do setor para discussão e reforçar a oportunidade de troca de experiências.”

Marketing

Um dos maiores especialistas em rádio do mundo, o consultor norte-americano e presidente do Creative Resources Group, Gerardo Tabio, é uma das personalidades mais aguardadas.

Ele esteve no Brasil recentemente, quando participou do 25.º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, organizado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).

Agora, terá a oportunidade de falar sobre marketing aos empresários paranaenses do setor. “A mensagem é mais importante do que os meios”, disse Tabio, em maio, ao apontar o caminho para as emissoras aumentarem seu faturamento.

Além do especialista norte-americano, outros profissionais prestarão consultoria em suas especialidades, no que a organização do Congresso chamou de Shopping de Serviços.

O professor Rogério Tsukamoto, coordenador do curso de Gestão da Empresa Familiar na Fundação Getulio Vargas em São Paulo (FGV-SP), ajudará os empresários com dúvidas sobre sucessão familiar empresarial. Outra especialista será a advogada Emilia Martins de Oliveira, que esclarecerá questões sobre o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo.

O Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão (Sert-PR) também disponibilizo,u um profissional o engenheiro Elias Agustinho para atender os participantes do evento, assim como o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), o Ministério das Comunicações e a Secretaria da Comunicação.

Paralelamente ao Congresso, também acontecerá a Feira Nacional de Equipamentos, com expositores de produtos e serviços para emissoras de rádio e televisão.

No encerramento do evento, está programada uma apresentação da banda paraense Calypso. Durante os quatro dias do Congresso, estão sendo esperados empresários e executivos das mais de 300 emissoras de rádio e televisão filiadas à Aerp.

Questões trabalhistas também estarão no foco das discussões

Uma das principais dúvidas que os empresários da radiodifusão paranaense devem levar para o 20.º Congresso Paranaense de Rádio e Televisão está no âmbito do Direito do Trabalho: devido à recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que acabou com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para atuação na área, é de se esperar que os participantes tenham uma série de questões a serem esclarecidas sobre o assunto. Assim, os organizadores do evento levaram uma advogada trabalhista, que dará consultoria individual sobre o assunto a interessados.

A advogada Emilia Martins de Oliveira está certa de que o assunto é a dúvida do momento entre os empresários do setor, juntamente com a contratação de funcionários terceirizados para a prestação de serviços, como limpeza, manutenção e segurança. Sobre a questão do diploma, ela afirma que sobrou pouca margem para discussão, depois da decisão do STF.

Mesmo assim, Oliveira lembra que há questões importantes sobre o assunto, como o piso salarial da categoria, que continua válido e agora, mais do que nunca, é aplicável aos profissionais que exercem funções de jornalista sem ter diploma na área.

“Agora, não há mais dúvidas que, independentemente do diploma, uma ação judicial de alguém nessa condição deva levar a uma equiparação salarial”, esclarece.

Para ela, nesse ponto, as empresas que mantinham funcionários sem diploma trabalhando em atividades de jornalistas sairão perdendo, já que o tema acabou sendo consolidado com a decisão do Supremo.

“A categoria de jornalista continua existindo, e as convenções coletivas dessa categoria são aplicáveis também a quem não é formado na área. Os trabalhadores têm direito aos benefícios da função que exercem”, explica.

Outro ponto que Oliveira ressalta é na hora de selecionar profissionais. A advogada lembra que, apesar da queda da obrigatoriedade do diploma, as empresas são livres para exigir que candidatos a vagas sejam formados na área.

Para ela, profissionais graduados em outras áreas, ou mesmo não formados, podem até tentar exigir judicialmente que os processos seletivos sejam abertos a todos, mas ações nesse sentido dificilmente vingariam.