economia

Congresso apoia reforma, mas rejeita endurecimento na idade mínima

Uma pesquisa encomendada pelo BTG Pactual com deputados e senadores mostra que mais de três quintos deles concordam reformar a Previdência, o mínimo necessário para aprovar uma emenda constitucional nas duas casas. No entanto, a idade mínima, considerado o ponto mais importante por economistas especializados, conta com apoio insuficiente na proposta de 65 anos para homens e de 62 para mulheres, e menos ainda na que estabelece 65 para ambos os sexos.

Vale ressaltar que o levantamento, produzido pela FSB Pesquisa, não ouviu todos os parlamentares. Foram 235 deputados, ou 45% dos 513 que compõem a Câmara, e 27 senadores, ou um terço dos 81. A amostra, contudo, é proporcional ao tamanho das bancadas partidárias nas duas casas. As entrevistas foram feitas entre os dias 4 e 8 de fevereiro, período marcado pela discussão da minuta da reforma, divulgada em primeira mão pelo Estadão/Broadcast no dia 4 e que previa idade mínima de 65 para ambos os sextos.

Segundo a pesquisa, a necessidade de reformar a Previdência é defendida por 82% dos deputados e 89% dos senadores. O apoio chega a ser de 100% em apenas dois partidos, considerando a soma das duas casas: PP e PSDB. O PSL, do presidente Jair Bolsonaro, aparece com 92%. O PT, da oposição, é o que menos concorda, com 37% de parlamentares favoráveis.

Quando os parlamentares são questionados sobre a idade mínima sem que nenhuma idade de referência seja citada, também há apoio de mais de três quintos, de 69% entre os deputados e de 93% dos senadores.

Contudo, as duas possibilidades mais discutidas para esse item, de 65 anos para ambos os sexos ou de 65 para homens e 62 para mulheres, contam com apoio de menos da metade dos parlamentares. A primeira, mais dura, tem 20% de concordância entre deputados e de 19% entre senadores. A segunda, mais suave, tem 37% de apoio na Câmara e de 48% no Senado.

A pesquisa também pergunta se os parlamentares são favoráveis ou não à diferenciação de idades entre homens e mulheres, sem apresentar números específicos. Nesse ponto, há apoio suficiente. Entre os deputados, 71% defendem a diferenciação. Entre os senadores, 85% são a favor.

Os resultados dão a entender, portanto, que os parlamentares querem uma idade mínima diferenciada para homens e mulheres, porém com números inferiores à proposta de 65 para eles e 62 para elas. Ainda nos primeiros dias do seu mandato, Bolsonaro chegou a propor 62 para homens e 57 para mulheres.

Outros pontos

A pesquisa mostra ainda que a inclusão dos militares na reforma também conta com apoio expressivo. Na Câmara, 85% são favoráveis, enquanto 78% defendem a medida no Senado. Já a criação do regime de capitalização divide os parlamentares: 48% dos deputados são a favor, o mesmo porcentual para os senadores. Sobre a igualdade de regras para trabalhadores rurais e urbanos, 19% dos deputados apoiam e 30% dos senadores são a favor.

Em relação ao período de transição, 38% dos deputados defendem um período mais curto, de 10 anos, com idade mínima menor. Entre os senadores, 48% são a favor desse formato. Para um período mais longo, com idade mínima maior, na Câmara o apoio é de 34%, enquanto no Senado é de 22%.

A pesquisa mostra que 70% deles acreditam que a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso. Entre os deputados, 58% acham que a proposta será votada na Câmara ainda no primeiro semestre deste ano.

Em relação à aprovação da reforma no Congresso, a expectativa positiva é de 69% entre deputados e de 82% entre senadores. Os principais obstáculos citados foram divergências entre parlamentares (17%), articulação do governo (16%), complexidade da proposta (10%), opinião pública desfavorável (8%) e falta de diálogo com a população (7%).

Sobre a expectativa de votação na Câmara, primeira casa do Congresso a receber a proposta, 23% acreditam que o texto deve ser votado já neste primeiro trimestre. Outros 35% preferem apostar no segundo trimestre. Uma parcela ainda menos otimista, de 25%, fala em votação no terceiro trimestre. Os mais pessimistas, que somam 5%, acreditam que a proposta será apreciada pelo plenário só em 2020. Os demais não souberam ou não responderam.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo