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Confiança industrial de abril não é bom sinal para PIM e investimento, diz FGV

A queda da confiança industrial em abril (de 0,7 ponto, para 101 pontos) é uma sinalização negativa para o desempenho da produção industrial e também para a decisão de investimentos no início do segundo trimestre, principalmente pela segunda queda consecutiva do indicador de tendência de negócios. Essa é a avaliação da coordenadora da pesquisa na Fundação Getulio Vargas (FGV), Tabi Thuler Santos.

Tabi explicou que esse indicador tem forte aderência com o ímpeto de investir e também serve para sinalizar a produção industrial do mês subsequente. Como cai há dois meses, pode vir a provocar uma desaceleração na taxa interanual da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) em abril e maio. O índice saiu de 104,8 pontos em fevereiro, para 104,2 pontos no terceiro mês do ano e, agora, foi para 103,4 pontos. “São quedas pequenas, mas, de qualquer forma, não estamos evoluindo.”

Esse dado, em conjunto com outros indicadores da sondagem deste mês, constroem um quadro de atividade que não consegue engatar uma reação mais forte, como observado nos dados do primeiro trimestre, disse Tabi, apesar de a tendência seguir positiva, visto que a confiança está acima do patamar neutro de 100 pontos. “O ISA Índice de Situação Atual, os indicadores de estoque e de demanda externa mostram bem que o setor está parado, sem sair do lugar”, completou.

O ISA caiu 0,1 ponto em abril, para 101,5 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou 1,3 ponto, para 101,5 pontos. “O IE tem oscilado mais, mas já era esperado diante do cenário com várias incertezas”, disse Tabi, citando que o setor pode estar reagindo à indefinição no cenário internacional, no câmbio e na política interna.

A coordenadora da sondagem industrial explicou que ainda não é possível avaliar qual será o impacto da desvalorização recente do real no setor, se positivo pelo impulso às exportações, ou negativo pela possibilidade de redução das importações, que pode atrapalhar investimentos.

Ela, no entanto, ponderou, que, apesar das incertezas, há um “vento favorável” para a atividade derivada dos juros e da inflação mais baixos e da expectativa de influência mais forte da queda da Selic nas taxas de financiamento ao consumidor. “Mas, ao mesmo tempo, tem uma âncora puxando para baixo para aguardar a definição da eleição e do mercado externo, por exemplo”, reforçou.

Nuci

Uma boa notícia da leitura da sondagem de abril é o terceiro aumento consecutivo do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que chegou a 76,5%, o maior nível desde maio de 2015 (76,6%).

Contudo, Tabi disse que a alta neste mês foi concentrada em apenas cinco dos 19 segmentos. Ela afirmou que a categoria de não duráveis tem a maior evolução, enquanto a de intermediários, que representa cerca de 60% da indústria em valor de transformação, tem o pior nível.

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