Os empresários industriais paulistas estão mais confiantes em relação ao desempenho de suas atividades em 2004. A pesquisa realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) mostra também que as empresas melhoram suas expectativas em relação ao volume da produção, faturamento, emprego e margem de lucro.
O nível de confiança do empresariado subiu de 50% em maio para 82% em julho. Esse percentual inclui os empresários que se declararam confiantes e muito confiantes. Os indiferentes caíram de 21% para 8% e os pessimistas, de 29% para 10%. O resultado é, segundo Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas, o melhor desde 2000. No entanto, ele pondera e explica que nos anos seguintes, 2001 a 2003, o setor estava pessimista devido a uma série de fatores – apagão, crise energética, atentados terroristas e desaquecimento da economia.
Segundo Vaz, no segundo trimestre foi detectada uma restauração das expectativas que haviam no início do ano – a instabilidade gerada pelo caso Waldomiro, em fevereiro, prejudicaram o otimismo do setor. Agora, os empresários estão mais confiantes porque historicamente é no segundo semestre que a indústria tem um desempenho melhor. “É sempre no segundo semestre que o mercado está mais ativo. O segundo semestre representa mais de 55% do volume de negócios do ano.”
Apesar da melhora da confiança. Os empresários da indústria diminuíram a previsão de investimentos para 2004. Em março, 89% dos empresários disseram já ter realizados investimentos ou que ainda o fariam neste ano. Em julho, esse índice caiu para 62%. Segundo Vaz, essa queda deve-se à deterioração das expectativas ocorrida entre fevereiro e abril, o que fez parte dos empresários adiarem esses investimentos para o próximo ano.
Os investimentos desse ano, segundo o levantamento, se concentram em máquinas e equipamentos (42%) e informática (37%).
Outros fatores apontados como risco para o setor em 2004 e que preocupam os empresários são a pressão de custos dos insumos e o aumento da carga tributária. Com a retomada da economia, a concorrência por parte de produtos importados também passou a preocupar mais o setor industrial paulista.
Juros
Para o diretor da Fiesp, a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) elevar a taxa básica de juros (Selic), hoje em 16% ao ano, nos próximos meses “seria um equívoco de dimensões fenomenais”.
Ele compara a manutenção da taxa em juros elevados à manutenção do câmbio até o início de 1999. Era um “dogma religioso” falar em desvalorizar o real, porque isso faria a inflação explodir, explica. Hoje, o mesmo ocorre com a taxa de juros. “Estamos dando à taxa de juros um papel que é de conter a economia além do necessário.”
A elevação da taxa seria o “sonho do mercado financeiro”, completa.