O aumento de 2,5% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC)em abril ante março, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi o mais elevado desde outubro de 2007, quando o índice subiu 3,11%. Segundo o coordenador de Análises Conjunturais da FGV, Aloísio Campelo, a melhora nas expectativas do consumidor quanto aos rumos futuros da economia; do mercado de trabalho; e na oferta de crédito contribuíram para o resultado.
O economista explicou ainda que o resultado do ICC de abril foi impulsionado principalmente pela melhora da confiança entre as famílias mais pobres. Somente entre os pesquisados com ganhos mensais de até R$ 2.100, o ICC subiu 6,1%. Ele observou que, neste mês, houve uma grande quantidade de notícias voltadas especificamente para as camadas de renda de menor poder aquisitivo, como a confirmação do reajuste no salário mínimo em janeiro de 2010; e melhora na oferta de financiamento para compra de material de construção.
Campelo disse ainda que a recente redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos de linha branca (fogões, lavadoras e geladeiras) não influenciou de forma expressiva o resultado. Isso porque o anúncio oficial do governo federal para a redução ocorreu somente no fim da semana passada, enquanto a coleta de respostas para a pesquisa terminou na última segunda-feira (dia 20). “Não houve tempo hábil para que essa amostra recebesse a influência dessa notícia, de forma significativa”, afirmou.
Embora o impacto da notícia de redução do IPI na linha branca só deva ser sentido no ICC de maio, Campelo observou que o consumidor já tinha observado uma sensível mudança nas condições de oferta de crédito, como a melhora de spread bancário (diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes). “É preciso entender que (as intenções de compra de bens duráveis) são movimentos cíclicos. Quando a crise teve sua fase mais aguda, o consumidor colocou o ‘pé no freio’. Agora, ele tem expectativas melhores para o futuro, para o mercado de trabalho. Parece que o consumidor teve uma percepção de melhora na fluidez de crédito”, disse.
Otimismo
Porém, o economista avalia que o consumidor mensurado pelo índice de abril não pode ser considerado “otimista”. Isso porque a avaliação sobre a situação da economia local ainda é muito negativa, registrando o pior nível da série histórica da pesquisa, iniciada em 2005. Do total de 2 mil domicílios entrevistados, 53,6% classificam como “ruim” o cenário da economia local em abril, sendo que esse porcentual era menor, de 52,7% em março. “O que ocorre no momento é uma recuperação gradual da confiança do consumidor. Ele não está otimista, mas está caminhando para um otimismo”, disse. “Para o consumidor, o pior da crise, o fundo do poço, já passou”, concluiu.