Confiança do consumidor está historicamente baixa

A confiança do consumidor apresentou “leve recuperação” em janeiro, com a taxa positiva de 3% para o Índice de Confiança do Consumidor (ICC). Entretanto, o consumidor mostra-se ainda muito cauteloso, ao se comparar o resultado do primeiro mês deste ano a iguais períodos de anos anteriores. A análise é do coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo.

Ele informou que a pontuação do ICC atingiu 100,3 pontos em janeiro deste ano, o mais baixo patamar para um mês de janeiro, considerado um período de otimismo para o consumidor brasileiro. “É um resultado que pode ser considerado relativamente favorável, em comparação com outros dados macroeconômicos. Mas o patamar do ICC está muito baixo, em termos históricos. O consumidor ainda está pessimista”, alertou o economista.

Ele explicou que, ao se analisar o desempenho de janeiro do índice, é possível perceber que houve um saldo positivo “na margem”, mas que o cenário como um todo, principalmente nas respostas referentes às expectativas, mostram-se cautelosas e nada otimistas. Para ele, um exemplo são as respostas de intenção de compras de bens duráveis para os próximos meses, que atingiram em janeiro os piores resultados da história do índice.

Ao fazer um retrospecto do desempenho do índice, o economista lembrou que, em dezembro do ano passado, o indicador atingiu o pior patamar da série, iniciada em setembro de 2005, influenciado pela derrubada das expectativas. No último mês de 2008, as respostas dos entrevistados sobre os rumos futuros da economia, de sua situação financeira familiar e de intenções de compras foram muito ruins.

Mas em janeiro, um mês que sazonalmente o humor do consumidor está mais positivo, por ser o início do ano, normalmente as respostas sobre expectativas tendem a apresentar alguma melhora. Portanto, ao se comparar as expectativas do consumidor em janeiro com as de dezembro, as projeções dos entrevistados foram comparadas com uma base de respostas em um nível muito baixo – o que ajudou a formar uma taxa positiva para o ICC em janeiro.

Campelo afirmou ainda que a ligeira recuperação apontada pelo indicador em janeiro está sendo sustentada por uma esperança na melhora da economia local para os próximos meses, impulsionada principalmente pelas camadas de renda mais elevadas.

Ao se pesquisar o índice por faixas de renda, somente entre as famílias que ganham entre R$ 4.800 e R$ 9.600 o ICC subiu 5,9%; já entre as famílias que ganham acima de R$ 9.600, o indicador avançou 3,5%. “Há uma avaliação disseminada entre as classes mais altas de que a situação já esteve muito ruim, e por já ter sido muito ruim, agora tende a melhorar”, afirmou.

Outro ponto destacado pelo economista é que houve melhora nas avaliações futuras do consumidor no que se refere à inflação e juros. Em janeiro os entrevistados preveem para os próximos 12 meses taxa de 6,9% para inflação, sendo que a projeção dessa taxa era de 7,4% em dezembro. No caso dos juros, 25,55% dos entrevistados esperam redução para os próximos meses, sendo que esse porcentual era de 16,5% em dezembro do ano passado. A FGV entrevistou mais de dois mil domicílios, em sete capitais, para o cálculo do índice.

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