São Paulo (AE) – O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 7,8% ao longo de 2006, segundo o coordenador de Análises Conjunturais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloísio Campelo. De acordo com ele, este resultado, porém, não pode ser considerado uma ?euforia? e sim uma ?confiança moderada?.

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O dado é resultado da comparação entre o desempenho de dezembro de 2006 ante dezembro de 2005; não há um porcentual referente a 2005, visto que o indicador tem série histórica iniciada em setembro do ano passado.

?Esse resultado foi puxado, basicamente, pelas respostas do consumidor relacionadas às expectativas e principalmente pelo desempenho do segundo semestre?, disse, considerando que o comportamento do indicador deu uma ?arrancada? para cima, nos últimos seis meses do ano.

Ele disse que, ao longo de 2006, as respostas do consumidor relacionadas à situação atual não eram muito favoráveis, visto que o entrevistado não percebia, em sua vida cotidiana, os efeitos práticos da recuperação da economia – que foi se dando de forma muito lenta, ao longo do ano.

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Na avaliação de Campelo, o resultado positivo da confiança do consumidor este ano foi puxado essencialmente pelas classes de renda mais baixas.

Ele lembrou que as famílias com baixo poder aquisitivo foram beneficiadas por inflação menor, principalmente no setor de alimentos, e por programas de transferência de renda do governo, como o Bolsa Família.

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?Esses foram fatores que deram um fôlego em um ano que não foi tão favorável assim para se conseguir emprego?, disse. ?Houve mais boas notícias, para essa faixa de renda (mais baixa) do que para as com renda mais alta?, afirmou.

Usando os dados do ICC em dezembro, a FGV fez um recorte especial com um ?balanço? dos resultados este ano, e informou que, dos entrevistados, 26,3% afirmaram que a situação financeira da família melhorou este ano – sendo que 15,7% informaram piora nesse quesito em 2006.

Na análise por faixa de renda, na classificação mais baixa, com rendimento familiar de até R$ 2.100, 32,3% informaram melhora nesse quesito este ano – o maior porcentual entre as quatro faixas de renda pesquisadas pela FGV.

Crise aérea afeta intenções de viagens de consumidores

Rio (AE) – Pelo segundo mês consecutivo, a crise do setor aéreo derrubou as intenções de viagem de férias do consumidor brasileiro. Segundo o coordenador de Análises Conjunturais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloísio Campelo, de novembro para dezembro caiu de 36,1% para 34,2% o porcentual de consumidores entrevistados que pretendem viajar de férias. ?Isso é muito pouco para essa época do ano. Em dezembro do ano passado, essa parcela era de 44,3%?, afirmou, ressaltando que há uma ?sazonalidade? nesse quesito, visto que as viagens de férias são mais comuns no final de ano.

Segundo ele, a crise também desmotivou o consumidor a viajar de avião. De acordo com ele, de novembro para dezembro, passou de 35,7% para 33,2% a parcela dos consumidores que pretendem usar esse tipo de transporte nas férias. Em dezembro do ano passado, esse porcentual era de 39,7%. ?Há dois movimentos aí. Um deles é que, com essa crise, uma menor quantidade de pessoas pretende viajar de férias. E o outro é que ainda há uma parcela de consumidores indecisos, que ainda não sabem o que vão fazer nas férias?, afirmou.

De acordo com ele, em dezembro deste ano, o porcentual de consumidores que informaram ?não saber? que tipo de transporte utilizar para viajar de férias ficou em 13,5% – sendo que, em dezembro do ano passado, essa parcela era de 3%.

Campelo comentou que a FGV já tinha detectado esse movimento dos consumidores em novembro do ano passado. ?Todo esse transtorno causado pelo problemas nos aeroportos deve influenciar o setor de turismo como um todo no País?, avaliou.