O Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu pelo segundo mês seguido. O indicador avançou 2,6 pontos em julho em relação a junho, para 85,4 pontos, voltando ao nível observado em dezembro de 2018 (85,4 pontos), informou nesta sexta-feira (26) a Fundação Getulio Vargas (FGV). Em médias móveis trimestrais, o ICST subiu 1,0 ponto.
O crescimento reflete melhora no ambiente de negócios corrente e expectativas de curto prazo mais favoráveis, observa em nota Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV. “O segundo semestre inicia com alta da confiança, a segunda consecutiva. A iminência de aprovação da reforma da Previdência e a retomada das obras do Programa Minha Casa Minha Vida certamente contribuíram para a melhora do cenário nesses dois últimos meses”, afirma.
No entanto, a economista pondera que se a adoção de uma política para incentivar o consumo comprometer a fonte de financiamento do programa habitacional, não haverá sustentação nessa melhora a médio e longo prazo.
A alta do ICST em julho foi puxada tanto pela melhora da situação corrente quanto pelas expectativas do curto prazo, conforme a FGV. O Índice da Situação Atual (ISA-CST) avançou 1,5 ponto, para 75,1 pontos, retornando ao mesmo nível de janeiro de 2019 (75,1 pontos).
A contribuição do resultado positivo ISA-CST veio do indicador que mede a percepção sobre a situação atual da carteira de contratos: subiu 1,4 ponto, para 73,5 pontos. Além disso, também ajudou neste processo a alta de 1,6 ponto (para 76,9 pontos) do indicador da situação atual dos negócios.
O Índice de Expectativas (IE-CST) teve alta de 3,5 pontos e atingiu 96,0 pontos – nível, porém, abaixo do registrado em dezembro de 2018 (96,5 pontos). A FGV explica que os dois quesitos deste índice contribuíram positivamente para o resultado. O indicador de demanda prevista nos próximos três meses avançou 2,3 pontos, para 95,5 pontos, melhor desempenho desde dezembro de 2018 (97,2 pontos), e o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses aumentou 4,7 pontos, para 96,6 pontos.
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) do setor registrou a quarta alta seguida ao variar 0,6 ponto porcentual em julho, para 68,9%. Trata-se do maior resultado desde julho de 2015 (69,4%), de acordo com a FGV. Tanto o Nuci para Máquinas e Equipamentos quanto o Nuci para Mão de Obra variaram 0,4 e 0,7 pontos porcentuais, respectivamente.
No confronto interanual, o Índice de Confiança da Construção cresceu 4,4 pontos. Por segmentos, o de obras de infraestruturas registrou a maior elevação do ICST, sobretudo o de expectativas, que registrou forte alta nessa base de comparação, impulsionado pela demanda prevista da categoria de obras de infraestrutura.
“Possivelmente as incertezas sobre a continuidade do Programa Minha Casa Minha Vida tenham arrefecido as expectativas dos empresários do setor de edificações. Por outro lado, a perspectiva de melhora no ambiente de negócios trouxe maior ânimo aos empresários do segmento de obras de infraestrutura”, avalia Ana Maria Castelo. A economista pondera, contudo, que ainda não se tem elementos que permitam vislumbrar uma melhora robusta na atividade no curto prazo.