A Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito realizada pelo Banco Central e divulgada nesta sexta-feira, 23, mostra que o horizonte para os próximos três meses ainda é de retração do crédito. Porém, ela deverá ocorrer num ritmo menor do que o observado em períodos anteriores, segundo apontou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel. Ele explicou que a pesquisa busca conhecer como os bancos estão vendo as condições de oferta para os próximos três meses.

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No caso do crédito para as grandes empresas, as condições seguirão restritivas nos próximos três meses, aponta a pesquisa. Numa escala que vai de -2 até 2, ela indica que a expectativa para a oferta ainda seguirá no campo negativo, com -0,43 ponto. É, porém, um indicador melhor do que o registrado nos últimos três meses, que foi -0,70 ponto.

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A demanda das grandes empresas por crédito também seguirá restrita, com expectativa de -0,22 ponto (-0,39 nos três meses passados) e a aprovação de pedidos também continuará negativa em 0,26 ponto nos próximos três meses, o mesmo índice visto nos três meses passados.

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Para as micro, pequenas e médias empresas, a expectativa para oferta de crédito será negativa em 0,56 ponto (-0,63 nos três meses passados), a demanda segue encolhendo, com -0,38 ponto (ante -0,03) e a aprovação ficará em -0,34 (ante -0,28).

Para os empréstimos voltados ao consumo das pessoas físicas, a expectativa nos três meses à frente é que a oferta de crédito siga em queda, com -0,21 ponto, o mesmo registrado nos três meses passados. A demanda ficará negativa em 0,20 ponto (ante -0,35) e a aprovação, em -0,21 (ante -0,11).

Já para o crédito habitacional é esperado um crescimento na oferta no próximo trimestre, com 0,13 ponto (ante zero para os três meses passados). A demanda, porém, continuará em queda, com -0,38 ponto (ante -0,25) e a aprovação de pedidos também ficará no campo negativo, em -0,25 ponto (ante zero).

A pesquisa abrange 92% do crédito para grandes empresas, 93% do crédito para micro, pequenas e médias, 90% do crédito para consumo e quase 100% do crédito habitacional.

Projeções

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central afirmou que a queda projetada para a relação crédito/PIB em 2017 é justificada pela desalavancagem de empresas e famílias. Nesta sexta, o BC informou que a projeção para o próximo ano é de 48% na relação crédito/PIB, abaixo dos 49% esperados para o fim de 2016.

“As famílias e as empresas estão se desalavancando”, disse Maciel. Na prática, estão pagando dívidas antigas e não tomando novos empréstimos na mesma velocidade.

Maciel afirmou ainda que o impacto das medidas anunciadas na quinta pelo governo, ligadas ao FGTS, não afetou as projeções para o crédito em 2017. Ele ponderou, no entanto, que a medida do FGTS deve ter um impacto maior sobre a inadimplência.

O chefe do Departamento Econômico afirmou ainda que as medidas relacionadas ao cartão de crédito, anunciadas na quinta pelo governo, estão sendo estruturadas pelo Banco Central, para encaminhamento ao Conselho Monetário Nacional (CMN). “A expectativa é de que haja maior racionalização no uso do cartão de crédito”, disse. “Os custos do cartão podem recuar em função das medidas que estão sendo tomadas.”

Novembro

Segundo a divulgação realizada nesta sexta pelo BC por meio da Nota à imprensa de Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro, o estoque de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,3% em novembro ante outubro, atingindo R$ 3,104 trilhões. Em novembro de 2015, o estoque de operações de financiamento estava em R$ 3,177 trilhões. Em 12 meses, houve baixa de 2,3% e, no acumulado deste ano, queda de 3,6%.

O estoque de operações para pessoas jurídicas ficou estável em novembro na comparação com outubro. Para pessoas físicas, houve avanço de 0,7%. Em 12 meses, a contração é de 7,2% para as empresas e alta de 3,2% para a pessoa física. No acumulado do ano, há baixa de 9% para as companhias e alta de 2,5% para as famílias.

De acordo com a autoridade monetária, o estoque de crédito livre avançou 0,3% no mês e cedeu 5,4% no acumulado do ano até novembro. Em 12 meses, recuou 4,1%. Já no caso do direcionado, aumentou 0,3% em novembro ante outubro, caiu 0,4% em 12 meses e teve baixa de 1,7% em 2016 até o mês passado.

No crédito livre, houve avanço no saldo de 0,7% para pessoas físicas no mês, crescimento de 0,4% no ano e alta de 0,7% no acumulado de 12 meses. Para as empresas, no crédito livre, houve redução de 0,1% em novembro, queda de 11,1% no ano e baixa de 8,9% em 12 meses.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao PIB caiu de 49,7% em outubro para 49,5% em novembro. Em novembro de 2015, estava em 53,1%.