A concentração bancária no Brasil vai aumentar entre as cinco maiores instituições caso uma nacional adquira a unidade do HSBC no País, afirmou o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. Entre os dez maiores, porém, não deve ter mudanças, conforme ele, uma vez que o britânico já integrava tal grupo.

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“A indústria bancária é concentrada em todo o mundo, porque tem economias de escala importantes. No Brasil, a concentração bancária não é muito diferente de outros mercados emergentes, embora seja maior que em países avançados”, avaliou ele, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, durante o CIAB 2015, evento voltado para tecnologia bancária.

Dependendo de quem leve a operação, a concentração bancária no Brasil ficará ainda mais evidente, pois cinco instituições deterão 69% dos ativos totais do sistema nacional ou R$ 5,2 trilhões, conforme dados do Banco Central. Pelo parâmetro internacional Índice Herfindahl-Hirschman (IHH), que mostra a concentração pelo critério de contas correntes, o Brasil tem concentração regular. O indicador fechou dezembro em 0,1376, muito acima, porém, do visto em dezembro de 1994, de 0,0905, segundo o BC. O IHH é um índice que vai de zero a 1. Conforme os critérios adotados internacionalmente, resultados de 0 a 0,10 indicam um mercado não concentrado. Já entre 0,10 e 0,18 mostra concentração regular e acima de 0,18 aponta um mercado com alta concentração.

Embora não comente a venda do HSBC em si, Portugal disse que independente da concentração em um determinado segmento, há concorrência em determinadas necessidades como, por exemplo, na contratação de um crédito para um projeto de infraestrutura, cujos recursos podem ser captados via o mercado de capitais. “O mercado de capitais, o de seguros, o bancário podem atender uma mesma necessidade, por isso, competem entre si”, explicou o presidente da Febraban.

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Sobre as explicações dadas pelo executivo-chefe do HSBC, Stuart Gulliver, durante reunião com investidores, na semana passada, para a saída do Brasil, Portugal disse que não foram críticas, mas comentários sobre as características do País como, por exemplo, o fato de ser uma economia mais fechada. “São características que estamos tentando mudar. O mercado brasileiro continua muito atraente e com potencial de crescimento. A saída do HSBC é mais por problemas específicos do banco do que do País”, analisou Portugal.

Bradesco

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Também presente no Ciab, na semana passaada, o vice-presidente executivo do Bradesco, Maurício Minas, respondeu, ao Broadcast, que o banco continua avaliando oportunidades, quando questionado sobre a venda do HSBC no Brasil. Não comentou, porém, o estágio das negociações nem se o Bradesco é favorito para levar o ativo.

Depois de fazer a oferta não-vinculante (que não exige a compra do ativo pelo preço oferecido) maior, de cerca de R$ 10 bilhões, segundo fontes, o banco passou para a segunda fase da disputa ao lado de Itaú Unibanco e Santander. Neste estágio, os interessados têm acesso a uma maior gama de informações e têm de fazer uma oferta vinculante. Analistas e executivos citam o Bradesco como o favorito já que comprar o HSBC significaria praticamente eliminar a distância entre ativos com seu principal concorrente, o Itaú, desde que foi feita a fusão com o Unibanco.

Mais cedo, em conversa com analistas no Rio de Janeiro, o diretor de Relações com Investidores do banco Itaú, Marcelo Kopel, se negou a comentar um possível interesse na compra do HSBC no Brasil.